Anais: Outros

FEIÇÕES DE RELEVO DA MARGEM DIREITA DO RIO NEGRO: SETOR NW DO MUNICÍPIO DE IRANDUBA (AM)

AUTORES
Albuquerque, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM) ; Albuquerque, C. (UNIVERSIDADE DO ESTDO DO AMAZONAS - UEA) ; Emadina, R. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE - UNINORTE)

RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de apresentar uma proposta de classificação para as feições de relevo situadas no setor NW do Município de Iranduba — localizado na margem esquerda do Rio Negro estado do Amazonas. A metodologia envolveu levantamentos detalhados dos pontos, georreferencimento e sobreposições, que possibilitaram o mapeamento de cinco unidades morfológicas a partir da realização de um Estudo de Impactos Ambientais, para a construção da “Cidade Universitária”.

PALAVRAS CHAVES
Amazonas; Iranduba; Relevo

ABSTRACT
This paper aims to present a proposal for classification for relief features located in the NW sector of the city of Iranduba - located on the left bank of the Rio Negro in Amazonas state. The methodology involved detailed surveys of the points, use of GPS and overlays, which enabled the mapping of five morphological units from conducting an Environmental Impact Assessment for the construction of the "University City".

KEYWORDS
Amazon; Iranduba; Relief

INTRODUÇÃO
Os estudos sobre a geomorfologia do setor central da Amazônia, na maior parte das vezes, apresentam caracterizações generalizadas, sobre macrounidades de relevo, cujas bases remetem às informações do Projeto Radam Brasil (1978). Sendo assim, sempre que se manifestam necessidades de classificações específicas, sobre determinado local, se estabelecem novos critérios para reconhecer subfeições de relevo, em escalas de multidetalhamento. Neste contexto, este trabalho tem o objetivo de apresentar uma proposta de classificação para as subfeições de relevo, situadas na margem direita do Rio Negro — setor NW do município de Iranduba, com base em resultados obtidos a partir da realização de um Estudo de Impactos Ambientais, para a construção da “Cidade Universitária” empreendimento projetado pelo Governo do Estado do Amazonas para a construção do Campus da Universidade Estadual do Amazonas – Campus UEA. Nos trabalhos divulgados pelo RADAM (1978), são citadas informações de Moura (1944), que ao se referir ao setor central da Planície Amazônica, subdividiu-a em quatro grandes ambientes: a várzea como campos periodicamente inundados, que compreendem o leito maior dos rios; os igapós que são as superfícies com mata ainda sujeitas à inundação; os tesos que constituem segundo este autor, os terrenos cujo nível de cota os mantém enxuto, a salvo das enchentes e por fim a terra firme, área não inundada denominada como superfície de “platô”. Sobre esta última unidade, o autor destaca que são terras bem drenadas, que constituem o mais extenso degrau de relevo, formado por sedimentos. A classificação proposta IBGE, estabeleceu para esta localidade duas macro-compartimentações: a Planície Interiorana também identificada como Planície Amazônica e o Planalto Dissecado Rio Trombetas-Rio/Negro.

MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia para a obtenção dos dados envolveu levantamentos detalhados dos pontos e cotas altimétricas, com georreferenciamento individual dos locais, utilizando-se GPS, análises comparativas, leituras, sobreposições e interpretações de imagem SRTM e uma Ikonos (2011) e fotografia aérea (1958) da área do local do empreendimento. A aplicação dessa metodologia permitiu o reconhecimento de uma subunidade de platô na macrounidade Planalto Dissecado Rio Trombetas — Rio Negro inserido em uma compartimentação geomorfológica maior identificada por Ross (1998) como Depressão da Amazônia Ocidental. De acordo com este autor essa unidade de compartimentação, constitui uma vasta área no oeste da Amazônia, onde os terrenos apresentam altitude até 200m, com topos planos e levemente convexizados esculpidos em sedimentos do Terciário. Seus limites são assim definidos: leste com Planalto da Amazônia Oriental, ao norte com a Depressão marginal norte-amazônica e a sudeste com a Depressão marginal sul-amazônica. Com base nos reconhecimentos das macrounidades de relevo obtidas em referências teóricas associadas às sobreposições de informação e análises comparativas realizadas em observações diretas no campo, foi possível identificar que a área destinada à construção do empreendimento corresponde a um platô, cujas cotas chegam a atingir 81m em pontos mais elevados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Cidade Universitária localiza-se entre as seguintes coordenadas: NW (-3,128ºS) de Latitude e Longitude (- 60,165ºW); a Sudoeste Latitude (–3,159ºS e – 60,178ºW); ao Sul (-3,166ºS e – 60,153ºW); e ao Leste (-3,142S e -60,138ºW). A área delimitada configura um platô seccionado na parte central pela bacia hidrográfica do Igarapé do Testa formando uma linha de drenagem que origina dois divisores. O primeiro situado no setor S/SW que se limita com a bacia do Chico Preto e o segundo no setor N/NW que tem como limites as microbacias do Guedes e Guedinho (Fig.1). A rede de drenagem destas bacias é formada por contribuintes que deságuam no Rio Negro, onde a faixa de desembocadura de ambos configuram “rias fluviais”. A metodologia aplicada permitiu reconhecer cinco unidades morfoesculturais (Figura 2). UNIDADE I – PLATÔ: Esta unidade pode ser subdividida em Platô I e Platô II com superfície de cota definida entre 60 a 83m de elevação, que corresponde a intervalos de declividade da ordem de 15 a 20%. Os topos desses platôs apresentam a formação de crostas laterizadas. A referida unidade é representada pela Formação Alter do Chão do Cretáceo Superior. A extensão de topo dos platôs equivale a 2 km em linha reta e corresponde a área atualmente ocupada por moradores das propriedades rurais existente no local. UNIDADE II - Vertentes ou faixas de escalonamento do relevo, que se direcionam ao fundo de vales, com grau de declividade de 10 a 15% e cotas de altitude entre 40 a 60m. Esta é uma unidade, exposta aos processos de denudação, onde ocorrem as concentrações de fluxos superficiais, que ao evoluírem para fluxos concentrados, formam zonas de “voçorocamento” principalmente na lateral das estradas. Um dos fatores que facilita o processo erosivo é o material de origem composto por sedimentos argilo-arenoso. UNIDADE III – Terraços: superfícies que compreendem as faixas de transição entre as vertentes e os vales. Podem constituir uma feição representada por graus de escalonamento no relevo na faixa de 5 a 10%, que corresponde a variações de 10 a 15m de altitude. Encontram-se, situadas em cotas próximas aos rios e canais fluviais que drenam a localidade, porém não sujeitas à inundação. UNIDADE IV – Vales superfícies posicionadas nas partes baixas do relevo, sujeitas em determinados casos, às inundações sazonais, pois possui grau de declividade inferior a 5%, que corresponde a altitude menor < 10m, conforme regime fluvial do Rio Negro. Sobre este ponto destaca-se que a cota fluvial registrada no rio, no dia 25.04.2012 (data dos levantamentos) encontrava-se no nível de 28.98 metros. UNIDADE V – Planície de inundação ou Zona de Praia A planície de inundação ou zona de praia corresponde ao nível mais baixo do relevo, nivelada ao rio Negro. Sua dinâmica está diretamente relacionada ao período de sazonalidade da bacia principal do rio Negro. Esta área fica localizada ao norte e nordeste do polígono do empreendimento, na margem direita do rio. A composição mineralógica é definida por sedimentos formados no Quaternário, cuja composição é predominantemente de areia quartzosa. Na fase de cheia do rio Negro a faixa de praia é submersa, apresentando-se apenas as falésias.





Figura 1 - localização da Cidade Universitária. Margem esquerda do Rio

área delimitada para a construção da "Cidade Universitária"

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização de trabalhos cujas finalidades se enquadrem nos reconhecimentos e classificações geomorfológicas, são de grande valia na Amazônia. Diante deste contexto, o presente trabalho possibilitou novas formas de classificação, em nível de detalhamento, que até o presente não tinham sido conduzidos. A metodologia exigiu além das interpretações e técnicas de geoprocessamento, reconhecimento detalhados, durante os levantamentos de campo e transectos para a confecção de perfis. As dimensões praticamente continentais da Amazônia e a relação intrínseca deste ambiente, com as águas gera a possibilidade de classificações diferenciadas, que acompanham a sazonalidade dos rios principais, no caso o Rio Negro. As faixas de areias quartzosas, são visualizadas apenas durante a vazante, na fase da cheia máxima, visualizam-se apenas as falésias. No retorno de cada ciclo hidrológico, os processos de sedimentação ou erosão fluvial, podem ocasionar o surgimento ou o desaparecimento de grandes de ilha

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
D’ ANTONA, R. J. G.; REIS, N.J.; MAIA, M. A.M; ROSA, S.F.; NAVA, D.B. Projeto Materiais de Construção na área de Manacapuru-Iranduba-Manaus-Careiro – Relatório CPRM. Manaus, 2007.
Projeto Radam Brasil – Folha SA – 21 Manaus. Rio de Janeiro: 1978.
ROSS, J.L.S. Geografia do Brasil, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
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