Anais: Outros

GEOMORFOLOGIA E GEOTURISMO: O POTENCIAL TURISTICO DA SERRA DE ITABAIANA/SE

AUTORES
Carvalho, I.S.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Macedo, H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Araújo, H.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Lima, L.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Cruz, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)

RESUMO
Nos últimos anos vem aumentando o número de visitas em ambientes naturais, despontando segmentos turísticos que proporcionam a apreciação e o entendimento da paisagem natural. Por meio de uma série de etapas metodológicas como trabalho de campo, o presente trabalho tem por objetivo analisar as potencialidades turísticas existentes na Serra de Itabaiana, no que se refere às feições geomorfológicas e geológicas, buscando evidenciar o potencial desses locais para a prática do geoturismo.

PALAVRAS CHAVES
Geoturismo; Geomorfologia - turismo; Serra de Itabaiana

ABSTRACT
In recent years has increased the number of visits in natural environments, emerging tourist segments that provide enjoyment and understanding of natural landscape. Through a series of methodological steps as fieldwork, this work is to analyze the tourism potential available from Saw of Itabaiana in relation to features geomorphologic and geological, seeking to highlight the potential of these locations for geotourism.

KEYWORDS
Geotourism; Geomorphology - tourism; Saw of Itabaiana

INTRODUÇÃO
Nos últimos anos vem aumentando o número de visitas em ambientes naturais, despontando segmentos turísticos que proporcionam a apreciação e o entendimento da paisagem natural. Em 2005 o Ministério do Turismo lançou uma publicação com a caracterização dos principais segmentos do turismo, destacando-se nesses segmentos o turismo de natureza, o ecoturismo. Nesse contexto pesquisadores tendo em vista uma forte preocupação em conservar e valorizar o patrimônio natural vem promovendo a divulgação de um novo segmento do turismo de natureza, o geoturismo (HOSE, 1996). O geoturismo é um segmento turístico recente que busca priorizar os aspectos naturais negligenciados pelo ecoturismo: geologia e geomorfologia, como cavernas, sítios paleontológicos, maciços rochosos, quedas d’água etc. Devido a beleza e à gama variada de atividades educativas e de aventura que podem ser realizadas nesses ambientes, esses locais despontam com grande potencial para serem aproveitados pela atividade turística. Nesse sentido, torna-se evidente a relação entre o geoturismo e a geomorfologia, esta última tendo seu objeto de estudo apropriado pelo primeiro e sendo, ao mesmo tempo, referência no entendimento da paisagem e na realização de projetos de planejamento turístico (Rodrigues, 2009). Entre outros, o presente estudo tem por objetivo identificar, mapear e analisar as potencialidades turísticas existentes na Serra de Itabaiana, no município de Itabaiana - Se, no que se refere às feições geomorfológicas e geológicas, buscando evidenciar o potencial desses locais para a prática do geoturismo.

MATERIAL E MÉTODOS
Os estudos foram elaborados em 03 (três) etapas distintas. Inicialmente consistiram de pesquisa bibliográfica sobre as características físicas da região com obtenção de dados junto a empresas e órgãos públicos em especial ao Grupo de Pesquisa em Dinâmica Ambiental e Geomorfologia – DAGEO-UFS. No segundo momento foi realizado pesquisa de campo culminando por fim com conclusão dos trabalhos em gabinete. A 1ª etapa, em gabinete foi feito pesquisa no site da SEPLAN/SE, Base cartográfica da UFS e do DGE/UFS, sendo utilizado a cartas geológicas de Sergipe de escala 1:100.000. As caracterizações Geomorfológica, Climática foram obtidas por meio da análise da base cartográfica disponibilizada pelo órgão vinculado a Secretária do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) publicadas em 2011. Na 2ª etapa foram desenvolvidas atividades de campo, que se constituíram de levantamento topográfico, altimetria, e realização de registro com GPS e máquina fotográfica dos ambientes florísticos e faunísticos. Para a interpretação da paisagem procedeu-se à sistematização da análise em quatro grandes unidades paisagísticas de acordo com a proposta de Menezes (2010). São elas: o topo da Serra, o campo visual voltado para a vertente Oeste, o campo visual voltado para a vertente Leste e os vales e interior dos leitos dos riachos que drenam a vertente Leste. Na 3ª etapa, em gabinete, foi realizada análise integrada dos dados coletados em campo. Elaboração do mapa da área de estudo, geologia, geomorfologia e das áreas propicias a pratica do geoturismo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Parque Nacional da Serra de Itabaiana foi criado em 15 de junho de 2005, assegurando a proteção de uma área de 7.966 hectares, composta por biomas de Mata Atlântica e Caatinga e outros recursos naturais. O parque está totalmente em Sergipe, distante apenas 40 km de Aracaju, abrangendo os municípios de Areia Branca, Itabaiana, Laranjeiras, Itaporanga D`ajuda e Campo do Brito. O grande ícone do parque é a Serra de Itabaiana, que consiste no segundo ponto mais alto do relevo do estado de Sergipe, com 659 metros de altitude. A origem do nome tem várias versões e numa delas, na etimologia da língua TUPI, temos “ita” que significa pedra, “taba” aldeia e “oane” alguém, ou seja, ‘naquela pedra mora alguém’. A paisagem da Serra apresenta uma heterogeneidade de elementos que possibilitam a percepção e a criação de vários quadros de cenários paisagísticos pelo visitante. Para a interpretação da paisagem procedeu-se à sistematização da análise em quatro grandes unidades paisagísticas de acordo com a proposta de Menezes (2010). São elas: o topo da Serra, o campo visual voltado para a vertente Oeste, o campo visual voltado para a vertente Leste e os vales e interior dos leitos dos riachos que drenam a vertente Leste. O topo da Serra é caracterizado por um relevo rochoso, plano a suave ondulado, com solos rasos, proporcionando campos visuais pequenos, médios e grandes. A vegetação de campo rupestre é predominante, mas observam-se alguns relictus de Mata Atlântica próximo a vertente leste, onde surgem várias nascentes. Já próximo ao paredão da vertente Oeste, predominam as cactáceas. Para se chegar até o topo existem várias trilhas, a do “Lado Oeste”, a dos “Cavalos” e a “Via Sacra” são as mais utilizadas. Essas trilhas são os elos dos elementos culturais do topo onde foram construídos torres de transmissão, uma estrutura para a geração de energia eólica e uma pequena igreja com um cruzeiro, palco de manifestações religiosas. O campo visual da vertente Oeste corresponde a segunda unidade paisagística, pois dele descortina-se um conjunto de serras residuais visualizadas ao fundo da paisagem. Na base da Serra, avançando-se sobre o paredão, visualiza-se com um ângulo privilegiado um cinturão de mata, porém, a visão mais ampla é dominada pela ausência de cobertura vegetal nativa em que áreas desmatadas se intercalam com pastos e plantações. O campo visual da vertente Leste corresponde a terceira unidade. Dele se obtém uma visão panorâmica cujo limite é o oceano Atlântico. No campo de visão médio percebem-se ondulações e desníveis do relevo, o maior adensamento da vegetação e das matas ciliares entremeadas pelo tom de verde mais claro dos canaviais e pastos. A cidade de Aracaju e vários outros sítios urbanos podem ser observados, com destaque para a barragem Jacarecica e a cidade de Areia Branca localizada na base desta vertente. A quarta unidade da paisagem corresponde aos vales, ao interior dos leitos e à mata ciliar da vertente Leste. Apresenta um conjunto de micro-relevos cujo campo de visão se fecha acompanhando os leitos encobertos por mata ciliar que se abrem nas rupturas onde se formam cachoeiras, ou então, quando o visitante alcança as margens. Ressalta-se a diversidade de estruturas e formas nítidas, como também, a variedade de pequenas estruturas e formas menos perceptíveis no percurso dos vales e leitos dos riachos. São perceptíveis diversas micro-paisagens merecedoras de detalhamento interpretativo. Quanto à morfologia, os quatro riachos da vertente Leste apresentam leitos encachoeirados com bacias de acumulação que formam piscinas naturais de diversos tamanhos, geralmente com pouca profundidade e propícias para banho. Somando-se a isso, o percurso dos leitos atravessa ocorrências sucessivas de campos rupestres, cerrado e restinga, envoltos por matas de galeria cujas densidade e heterogeneidade variam de acordo com a morfologia mais ou menos encaixada dos vales (figura 01).

Unidades Paisagisticas da Serra de Itabaiana

Figura 01: Principais pontos de visitação da Serra deItabaiana. Autor: Izabella Santos de Macêdo Carvalho

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Serra de Itabaiana está inserida numa região que devido suas características físicas proporcionou, ao longo do tempo geológico, o aparecimento de inúmeras formas de relevo. Essas feições geomorfológicas impressionam devida sua beleza cênica e são importantes, pois possibilitam também o entendimento da geologia, sendo áreas que têm grande potencial para serem aproveitadas pelo geoturismo. A promoção da conservação do patrimônio geomorfológico – geológico é um dos grandes desafios das Geociências nesse início de século (XXI). A paisagem da Serra apresenta uma heterogeneidade de elementos que possibilitam a percepção e a criação de vários quadros de cenários paisagísticos pelo visitante. A Geomorfologia é uma ciência que muito pode contribuir nessa etapa de planejamento, este se amparando nos instrumentos legais hoje existentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
HOSE, T.A. Selling the Story of Britain’ stone. Envirmonmental Interpretation. 2: 16-17, 1996.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1991.

MENEZES, Luiz Carlos de; CRUZ, Fernanda dos Santos Lopes; VARGAS, Maria Augusta Mundim. Paisagem e (eco)turismo – uma discussão sobre a serra de itabaiana/se. Universidade Federal de Sergipe. Disponível em: http://www.guiadeitabaiana.com.br/itabaiana_mat.php?id=37

RODRIGUES, S. C.; OLIVEIRA, P. C. A. de. 2007. Programa de registro de patrimônio natural – Complexo Energético Amador Aguiar. Araguari: Zardo. 90 p.