Anais: Ensino de Geomorfologia, formação e profissionalização do Geomorfólogo

A preparação, execução e os resultados obtidos no campo como uma forma de compreender os fenômenos geomorfológicos e a interação entre sociedade e a natureza. O caso do trabalho de campo de Geomorfologia Climática e Estrutural no litoral capixaba.

AUTORES
Oliveira Soares Velloso, T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV) ; Soares Mendes, T. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV)

RESUMO
A aula de campo é um instrumento metodológico que envolve e motiva, agregando teoria e prática. Sendo possível avaliar as atividades realizadas em sala de aula e as diversas interações do homem e o meio. Usaremos o exemplo do trabalho de campo de Geomorfologia Climática e Estrutural. Pois teve a preparação, execução e avaliação, que são propostas desse artigo. Além de ser importante para relacionar a paisagem geomorfológica e as alterações que o homem vem exercendo.

PALAVRAS CHAVES
Trabalho de campo; Teoria e Prática; Formação

ABSTRACT
Field work is a methodological tool that engages and motivates, joining theory and practice. Being possible to evaluate the activities carried out in the classroom and the several interactions of man and the environment. We will use the example of field work of Geomorphology Climate and Structural. For was the preparation, execution and evaluation, which are proposed in this article. Besides being important to relate the landscape geomorphological and changes that man has exercising.

KEYWORDS
Field work; Theory and Practice; Formation

INTRODUÇÃO
Existem inúmeras práticas para se construir o conhecimento, e uma dessas é a aula de campo. A execução e prática de aulas de campo no estudo da Geomorfologia Climática e Estrutural tornaram-se primordial para identificação, compreensão e análise do que se é estudado na sala de aula desta disciplina, pois mesmo no meio acadêmico, às vezes muitos dos termos que são empregados se tornam de difícil compreensão e abstração para os estudantes e no campo é possível perceber as formas de interações geomorfológicas e do homem para com o meio. Por esses motivos, e também pela singularidade de cada lugar, o planejamento do professor da disciplina deve ter o objetivo de mostrar a realidade do local integrado com a teoria de sala de aula, além de ser um importante recurso no processo de ensino-aprendizagem dos seus alunos e de familiarização dos aspectos naturais, físicos e humanos relacionadas ao uso da terra e do relevo, buscando levar o reconhecimento do lugar ou dos traços sociais da comunidade local. O Trabalho de Campo da disciplina Geomorfologia Climática e Estrutural teve como data os dias 11, 12 e 13 de outubro de 2011, com a saída da cidade de Viçosa - MG, tendo como destino algumas cidades do litoral do Espírito Santo, com paradas em Muriaé-MG, Presidente Kennedy-ES, centro de Marataízes-ES, Meaípe-ES, Parque Estadual Paulo César Vinha em Guarapari-ES e no Porto de Tubarão em Vitória-ES.. A proposta do professor para este trabalho estava na articulação entre prática e a teoria apreendida em sala de aula, e concretizada na visita de campo, buscando uma melhor compreensão da realidade e dos termos estudados.

MATERIAL E MÉTODOS
Os materiais analisados foram às paisagens geomorfológicas pertinentes ao estudo de Geomorfologia Climática e Estrutural, por exemplo, as falésias, topos de morros, bacias e depósitos sedimentares, pois são paisagens que o campo se torna importante para ter uma melhor compreensão da sua formação, estrutura e utilização pelo homem. Os métodos escolhidos foram os que se enquadravam melhor na proposta do trabalho de campo, como a utilização de aparelho GPS para ir demarcando a rota da viagem e também os pontos principais nas quais foram sendo feitas anotações e análises geomorfológicas da paisagem. Além da máquina fotográfica para registrar os pontos demarcados, pois assim teríamos um material de exemplificação dos conceitos e dos termos que aprendemos em sala de aula. Foi primordial o acompanhamento das aulas e leitura de textos obrigatórios e complementares, pois todo momento, o professor citava os textos e os relacionava com a paisagem geomorfológica, além de servir como base científica. Antes da saída de Viçosa- MG, precisou-se pesquisar sobre as cidades aonde essas paradas foram realizadas, a fim de saber um pouco mais sobre fatores importantes como economia, condições ambientais, turismo, dentre outros, para relacioná-los com a formação e a utilização das paisagens geomorfológicas. Além da utilização de folders, mapas e vídeos que foram oferecidos anteriormente pelo professor e em algumas paradas no decorrer do trabalho de campo. Os métodos escolhidos para a análise foram de cunho científico e de descrição da paisagem, por ser um meio de relacionar teoria com prática. O trabalho de campo para não ser somente um empirismo, deve articular-se a formação teórica que é ela também, indispensável (LACOSTE, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Souza et al. (2008), através do trabalho de campo é possível desenvolver as habilidades de descrição, observação e interpretação dos fenômenos naturais e sócios espaciais, a contextualização da formação profissional, pois interfere e colabora para a mesma. Podemos dividir o trabalho de campo em três etapas: O planejamento: deve ser elaborado anteriormente, introduzindo o conteúdo, o objeto e a finalidade desse estudo, “já que é nele que o professor organiza a parte estrutural da saída da escola, é a partir desse momento que os alunos começam a ter contato com o objeto de estudo da aula de campo” (FALCÃO; PEREIRA, 2009, p.9). Deve ser repassado aos alunos antes do campo qual será o método avaliativo. O professor deve estar sempre bem informado e se possível fazer o percurso proposto pelo trabalho de campo previamente, para escolher as melhores paradas. Além do planejamento estrutural - número de alunos, transporte, alimentação, dentre outros. O trabalho de campo: tendo um bom planejamento, o trabalho de campo não terá problemas na sua realização. Deve-se buscar ainda mais a relação da teoria e a prática, pois é o momento de exemplificar realmente através dos objetos de estudo. Podem ser realizadas avaliações ou debates, e buscar a experiência dos alunos para acrescentar neste momento. A avaliação: após o trabalho de campo, a proposta é que tenha uma avaliação através de relatório, exercícios, teste ou outros. Esse é o momento de saber o que foi apreendido com o campo e se o conteúdo pode ser ligado à prática. É importante para avaliação do aluno e das práticas adotadas. O campo de Geomorfologia Climática e Estrutural teve as três etapas realizadas. Os resultados sobre o planejamento do campo foi a realização de inúmeras aulas, contendo as diferentes linguagens e até prática. Foi repassado o percurso e toda a parte estrutural do campo. A escolha dos lugares para a realização do trabalho de campo foi devido à sucessão de paisagens ao longo de todo trajeto que caracterizam diversos tipos e formas de relevo, indo desde os mares de morros até as formações litorâneas. A riqueza natural, as redes de drenagens, formação terciária e quaternária, a forma dos vales, os diversos tipos de uso e ocupação do solo, dentre outros aspectos, foram trabalhados e visados ao longo do trajeto, conciliando as relações entre sociedade e a natureza, segundo a geomorfologia dos lugares. Todos os termos trabalhados em sala de aula eram relacionados com a formação profissional, principalmente se quiséssemos buscar a interação harmoniosa entre sociedade e natureza, pensando no desenvolvimento turístico e econômico sem destruir as interações naturais desses fenômenos geomorfológicos. E através de tudo que já tínhamos trabalhado em sala de aula anteriormente, relacionados com a prática pode-se dizer que em Suertegaray (2002), vem-se perdendo toda a discussão epistemológica feita nos últimos anos e vivemos novamente o estudo de áreas/regiões de características internas diferentes ou semelhantes, na qual sobre elas deve se impor um planejamento, ou gestão, e devemos parar para nos perguntar: planejar para quem? Dessa maneira, o trabalho de campo nos leva a questionar a paisagem e buscar respostas que vão além do visível. Naquele momento o campo estava nos inserindo no local e nos remetendo a situações que quando formados iremos nos deparar a quase todo momento. Os resultados obtidos através dessa discussão e da realização do campo levaram ao questionamento e contextualização dos seus fatores condicionantes, assim buscando respostas mais realistas do que empíricas para o que se via e estava subentendido na paisagem. Pois observando um fato isolado, criam-se meios para contextualizá-lo no tempo e no espaço, e até no próprio cotidiano. Pois “assim a aula de campo surge com um novo sentido onde o aluno agora não é apenas um observador, mas um investigador que procura ser parte integrante da paisagem

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do conteúdo estudado anteriormente em sala de aula, pode-se conhecer os locais escolhidos para o trabalho de campo, despertando o interesse em compreender a formação da paisagem geomorfológica e as alterações que o homem vem exercendo ao longo dos anos por causa da busca pelo melhoramento econômico e geração de renda através do turismo. Para isso, foi-se necessário o planejamento do trabalho de campo, a sua execução e uma forma avaliativa para relacionar a teoria com a prática e mostrar o que foi realmente apreendido com esse método de ensino. A prática do trabalho de campo no ensino tem grande contribuição e estimula a formação do senso crítico, que é uma importante ferramenta para a formação profissional das pessoas que atuarão na área de geomorfologia, pois, as mesmas terão de planejar o espaço através do estudo físico e das interações com a sociedade.

AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer primeiramente a Deus e aos nossos familiares, por tudo que nos proporcionam e por nos apoiar em nossas decisões. Agradecer também aos nossos amigos de todas as horas. Ao professor André Faria da disciplina de Geomorfologia Climática e Estrutural. E aos nossos namorados, o Lucas e o Antônio, por entenderem e se preocuparem com a nossa formação acadêmica. Obrigada por nos apoiarem nesse trabalho e estarem sempre ao nosso lado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
FALCÃO. W. PEREIRA. W. A Aula de Campo na Formação Crítico/cidadão do aluno: Uma Alternativa para o Ensino de Geografia. In: ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA– ENPEG, 10, Porto Alegre, RS, 2009.

FIGUEIREDO. V. SILVA. G. A importância da aula de campo na prática em geografia. ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA– ENPEG, 10, Porto Alegre, RS, 2009.

LACOSTE, Y. A Pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os pesquisadores, estudantes e cidadãos. São Paulo, AGB/SP, n.11, 1-23, agosto de 1985.

SOUZA, C. J. O; Faria, F. S. R.; Neves, M. P. Trabalho de campo, por que fazê-lo? Reflexões à luz de documentos legais e de práticas acadêmicas com as geociências. Anais VII Simpósio Nacional de Geomorfologia. Belo Horizonte.

SUERTEGARAY, D. M. A. Geografia e trabalho de Campo. In Geografia Física Geomorfologia: uma (re)leitura. Ijuí: Editora da Unijuí, 2002, 112p.