Analise espaço-temporal de uso da terá em um trecho entre a foz do córrego Chafariz e a foz do rio Cachoeirinha- MT

Autores

Chaves, Jovem de Freitas, I. (UFMT) ; Cabral de Lourdes Lazzarotto, I. (UFMT)

Resumo

A pesquisa esta sendo realizada no setor do rio Paraguai entre a foz do córrego Chafariz e córrego Cachoeirinha. O estudo objetivou avaliar o processo de uso da terra deste segmento. Foi utilizado o método de interpretação visual e campo para determinação das unidades de paisagens dos mapas. A analise espaço-temporal de uso da terra na área em questão permitiu determinar que ocorreu uma substituição do Cerrado por pastagem.

Palavras chaves

uso da terra; rio Paraguai; Analise espaço-temporal

Introdução

O Rio Paraguai nasce no estado de Mato Grosso, na Chapada dos Parecis e ao longo de seu percurso recebe muitos tributários como, por exemplo, o rio Cuiabá, Jauru, Cabaçal, Sepotuba, Juruena e outros. O rio Paraguai é muito importante, pois percorre áreas de planície, fornecendo água a várias cidades como Cáceres-MT e contribui com o abastecimento da Planície do Pantanal. A Bacia Hidrográfica apresenta características diferenciadas, quanto à forma, extensão e conformação da superfície, que refletem os efeitos dos elementos do meio ambiente representados principalmente pelo clima, relevogeologia, solo, recursos hídricos e vegetação. A intensidade de variação de suas características determina o seu grau de complexidade (CHRISTOFOLETTI, 1981). O tipo de uso da terra na bacia hidrográfica e no próprio corredor fluvial (calha e planície de inundação) atua, em determinados casos, como fator determinante nos processos fluviais. A retirada da cobertura vegetal devido às práticas de produção agropecuária promovem alterações nas condições naturais do ambiente não somente ao longo do trecho do rio Paraguai em estudo, mas em outros ao longo do seu percurso. No setor do rio considerado na pesquisa ocorre intenso processo de erosão e deposição de material em suas margens e planície de inundação, bem como a retirada da cobertura vegetal para introduzir a pastagem no entorno do canal. Nesse sentido, a proposta de pesquisa esta sendo realizado no trecho do rio Paraguai entre foz do córrego Chafariz e a foz do rio Cachoeirinha. O objetivo geral do trabalho éavaliar o processo de uso da terra deste segmento nos anos de 1986 e 2010 e verificar a intensificação do uso neste trecho. As informações, assim como os dados apresentados neste trabalho são resultados das atividades previstas no projeto de pesquisa para a elaboração da dissertação de mestrado em Geografia, a qual se encontra em desenvolvimento.

Material e métodos

Área de estudo A pesquisa esta sendo realizada no segmento do rio Paraguai entre a foz do rio Cachoeirinha e o córrego Chafariz no Pantanal de Cáceres-MT, localizado na região Sudoeste, micro região do Alto Paraguai. Corresponde ao setor do rio situado entre as coordenadas geográficas de 15º48’23” a 15º33’30” de latitude Sul e 57°30’00” a 57°24’00” de longitude Oeste. A área de estudo apresenta canais secundários , lagoas, baías , ilhas (e bancos de sedimentos e seixos. Quanto a uso da terra a área apresentou 05 classes: Cerrado, Mata Ciliar Campo Alagado, Pastagem, água (rio Paraguai e demais corpos hídricos) e as estradas. Uso da terra Os mapas foram elaborados por meio do software ArcGis 9.3. Para confecção dos mapas de uso e cobertura da terra foram utilizados duas imagens de Satélite Landsat5, sensor TM com resolução espacial de 30 metros, pertencente a orbita 227 ponto 71 de 11/06/1986 e 10/04/2010 fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas (INPE). O método para a elaboração dos mapas foi o de interpretação visual sem (imagem de 1986) e com a supervisão (imagem de 2010), resultando na elaboração dos mapas temáticos de uso da terra das duas épocas em questão. Após a confecção destes mapas, utilizando–se dos princípios da cartografia de síntese, foi realizado um terceiro mapa temático representando as mudanças ocorridas desde então no referido setor do rio Paraguai. Mediante as informações presentes nos mapas das mudanças entre as épocas consideradas foi possível observar, por exemplo, o aumento da retirada da cobertura vegetal. Junto com o procedimento colocado foi realizada um trabalho de campo para comprovação dos dados registrados através da interpretação visual das imagens, possibilitando melhorar os meios para a determinação das classes da paisagem.

Resultado e discussão

O corredor fluvial (trecho em estudo) possui a área aproximada de 380462637 ha, sendo distribuído em cinco classes de mapeamento: área preservada com vegetação, (mata ciliar), campo alagado, cerrado, pastagem e água.ANALISE ESPAÇO TEMPORAL Uso da terra no ano 1986 e 2010 A distribuição do uso da terra no ano de 1986 foi a seguinte: Campo alagado com 24052358,8ha; Cerrado com 193206469ha; água com 11549287,1 ha; Mata Ciliar 88922556,4ha e pastagem 62731966ha. De acordo com os resultados apresentados nos mapas da figura 2, em 1986 observa-se que a classe de uso com maior destaque em termos de área foi a do Cerrado com 51% em relação à área total pesquisada. Neste ano observa-se que a área estava bastante preservada, apresentando apenas 17% de área desmatada. Por outro lado, ao interpretar e analisar as informações de uso da terra do ano 2010 observa-se uma nítida substituição da cobertura original por pastagem. Entretanto, um fato positivo junto com a transformação imposta neste setor do rio Paraguai é que em apenas em um trecho das margens ocorreu à retirada da mata ciliar, indicando certa preservação das margens deste setor do rio. Porém cabe destacar que o trecho onde a mata ciliar foi retirada corresponde a uma margem de ataque por parte da corrente do rio, resultando em aumento da exposição das margens aos processos de erosão fluvial, pois as margens côncavas é local do rio onde ocorre o processo natural de erosão (remoção), e com a retirada da cobertura vegetal este processo se intensifica, ampliando o fenômeno de assoreamento deste. A distribuição de uso da terra em 2010 foi: Mata Ciliar com 89087346,46; Campo alagado com 20095374,33 ha Cerrado com 76008188,78 ha; água com 12375219,67 ha; e pastagem com 182896507,8, hectares. No ano de 2010 a classe que ficou em maior destaque foi a de pastagem com (48%) tendo a maior percentagem. Esse fato é comprovado pela significativa diminuição da área de Cerrado, conforme pode ser observado nos mapas da figura 01. No mapa da figura 02 apresenta a dinâmica da substituição da cobertura vegetal original representada pelo Cerrado sendo substituído pela pastagem. No ano de 1986 51% da área total estudada estavam recobertas pelo Cerrado e em 2010 a área diminuiu para 20%, significando um incremento de 31% de desmatamento sobre o Cerrado. Em termos gerais, é possível inferir que se o ritmo de ampliação das áreas de pastagens continuarem nesta escala, em 15 anos a área do setor do rio pesquisada terá menos de 1% de Cerrado. Outra mudança observada pelas informações obtidas pela pesquisa foi em relação a mata ciliar que teve uma redução de 1% do ano de 1986 para 2010, algo que não poderia ocorrer, pois esta unidade de paisagem constituem as áreas de preservação permanente. As mudanças positivas representadas no mapa são áreas que estavam desmatadas com a implantação da pastagem no ano de 1986 e em 2010 estavam representadas como área de Cerrado ou mata Ciliar. Sabe-se que existem leis federais e estaduais que visam a conservação das matas de galeria, porem estas vem sendo constantemente degradadas e devastadas para uso múltiplos. Como podemos observar durante o campo há trechos nas margens do rio Paraguai onde a mata de galeria esta totalmente extinta deixando o solo exposto e susceptível aos processos de erosão. Na área citada sem cobertura vegetal constitui um trecho da margem esquerda do rio Paraguai situado junto a sede de uma fazenda que esta, em uma margem de remoção de material das estruturas das margens. Com a retirada da cobertura vegetal, pisoteio humano e dos animais, principalmente bovinos, intensifica a dinâmica da perda das margens, resultando em ampliação da largura do seu leito e diminuindo a sua profundidade. Também observa que não há preocupação por parte dos proprietários em conter a erosão implantando um sistema de reflorestamento das margens. Ha pouca vegetação e estas, muitas vezes, se encontram quase dentro do canal e totalmente inclinadas.

Figura 01

Figura 01: uso da terra em 1986 e uso da terra 2010 Fonte: CHAVES, I.J.F, 2014.

Figura 02

Figura 02: uso com alteração de 1986 para 2010 Fonte: CHAVES, I. J. F., 2014.

Conclusões

Cabe destacar que no período de cheias do ano de 2014 ocorreu uma das maiores enchentes dos últimos 25 anos. Isso significa que provavelmente toda vegetação da referida margem foi removida juntamente com parte da margem que está sem proteção para dentro do canal, como acontece em vários outros trechos do rio. O que pode detectar na analise destes dois períodos foi um maior percentual de mudanças negativas do que positivas, pois houve mais desmatamento do que recuperação, como é o caso do Cerrado que em 1986 correspondia a 51% da área, e em 2010 passou a compor apenas 20 % da área total do setor do rio Paraguai estudado. Esse fato reafirma a desconsideração do ser humano para com a natureza, pois a retirada da cobertura vegetal, principalmente nas margens dos rios pode acarretar sérios problemas à sociedade, ao meio ambiente e causando muitas vezes conflitos devido as consequência deste ato.

Agradecimentos

Referências

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial. São Paulo: Edgard Blucher, 1981.
INPE, RESOURCESAT-1, Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/>, acesso: Ago. 2013.


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