PROPRIEDADES RURAIS NAS MARGENS DOS RIOS PARNAÍBA E POTI (ZONA NORTE DE TERESINA-PI) E SEUS REFLEXOS NA MANUTENÇÃO DA MATA CILIAR

Autores

Mesquita Monteiro, G. (UESPI) ; Ramos Oliveira, E. (UESPI)

Resumo

O objetivo geral do trabalho é discutir de que maneira as formas de uso e ocupação do solo representado pela presença de propriedades rurais situadas nas margens fluviais dos rios Poti e Parnaíba interfere na APP (Área de Preservação Permanente) destes. A metodologia utilizada foi o levantamento bibliográfico e trabalho de campo. Evidenciou-se que as áreas marginais de ambos os rios vem sendo alvo de várias atividades antrópicas a qual favorecem a deteriorização desses ambientes.

Palavras chaves

Mata ciliar; Preservação; Meio ambiente

Introdução

As matas ciliares se constituem num importante elemento de manutenção do equilíbrio ambiental das áreas em que se localizam, pois conferem proteção ao solo, à fauna, a flora e aos ambientes aquáticos. Este trabalho busca levantar informações teóricas e de campo a fim de discutir de que maneira o uso e ocupação do solo representado pela presença de propriedades rurais situadas nas margens fluviais dos rios Poti e Parnaíba (na Zona Norte de Teresina, no trecho correspondente a confluência destes dois rios em território piauiense) interfere positiva ou negativamente na APP (Área de Preservação Permanente) destes. O trabalho tem como objetivo verificar qual a relação entre a forma de uso e ocupação causados pelas propriedades rurais na zona norte de Teresina e a preservação da mata ciliar dos rios Poti e Parnaíba no trecho correspondente a confluência destes rios, buscando compreender ainda os reflexos das atividades verificadas sobre a mata ciliar dessa área. Além disso, pretendeu-se também fazer caracterização ambiental do local, para conhecer os atributos naturais; levantar as formas de uso e ocupação da área; relacionar os impactos ambientais que ocorrem sobre a mata ciliar, com base nas formas de uso e ocupação.

Material e métodos

Os procedimentos metodológicos utilizados para realização desta pesquisa consistiram em cartas e mapas, câmara digital. A metodologia aplicada no trabalho caracteriza-se pelo levantamento bibliográfico acerca do tema e da área de estudo, considerando autores como: Lacerda e Figueiredo (2009), Lindner (2003), Martins (2001), Oliveira Filho (1994), Rodrigues (2000), Salvador (2012), Silveira (2007), entre outros. Trabalhos de gabinete para identificação e caracterização da área por meio de imagens aéreas, e trabalho de campo com aplicação de questionários aos moradores; Levantamento de informações gerais sobre a área e também para subsidiar a elaboração de mapas; e pesquisa de campo, por meio de visitas ao local de estudo, observação e registro fotográfico.

Resultado e discussão

A área de estudo situa-se na Zona Norte da cidade de Teresina que tem grande parte do seu território situada entre dois rios Poti e Parnaíba, apresentando altitude média de 72 m. A Geomorfologia do local é composta principalmente por vertentes que caracterizam a planície fluvial dos rios Poti e Parnaíba na área do baixo curso do rio Poti. Em termos pedológicos na região que abrange o trecho em estudo, ocorrem predominantemente, as seguintes classes de solo: Latossolo amarelo e solos aluviais. O clima que atua no local é classificado pelo sistema Köppen, como tropical megatérmico (Aw), “com amplitude térmica anual menor que 5º C. Caracteriza - se por ser um clima tropical continental, com duas estações bem definidas: uma chuvosa, no 1º semestre (de janeiro a maio) e outra seca, no 2º semestre (de julho a novembro)” (SILVEIRA, 2007, p. 86). Segundo Araújo (2006) a vegetação presente em Teresina caracteriza-se pela presença de florestas mistas subcaducifólias, matas de babaçu e por áreas de transição da mata de babaçu para o cerrado. Nas áreas marginais ocorre uma grande variedade de espécies, representativas de áreas de transição, como as palmeiras de buriti e carnaúba, angico branco, angico preto, caneleiro, embaúba, pau d’arco, jatobá, juazeiro, (PMT, 2002). Quanto à forma de ocupação, a Zona Norte da cidade como um todo, teve sua ocupação iniciada principalmente depois da instalação do aeroporto e por meio dos conjuntos habitacionais da COHAB atual ADH (Agência de desenvolvimento Habitacional) que passou a ser ocupada pela população menos favorecida, por se constituir em uma área de largos terraços fluviais, ou seja, área sujeita a inundações, o que ocasiona problemas decorrentes da falta de saneamento e da convivência periódica com as inundações. Como o trecho em estudo era relativamente extenso, para melhor desenvolver este trabalho se dividiu a área onde seriam coletados os dados, em setores: Setor A e Setor B. O primeiro está localizado na margem esquerda do rio Poti, já próximo da sua confluência com o Parnaíba. O setor B está situado no rio Parnaíba indo da foz do rio Poti em direção ao Norte por uma extensão de 4,5 quilômetros, sendo subdivido em outros três subsetores: B1, B2 e B3 para fins de aplicação dos questionários. Verificou-se que na área urbana correspondente ao trecho de análise do Setor A, mais na porção da margem esquerda a urbanização é efetiva e avança sobre a margem fluvial, apresentando um estrangulamento do canal fluvial. Isso denota a necessidade de ações gestoras que limitem a urbanização sobre as margens fluviais. É preciso atentar para o fato de que a urbanização na região cresce mesmo sem haver incentivos governamentais, e aos poucos a urbanização se aproxima das margens do rio Poti no setor. As queimadas e indícios de erosão assim como o desmatamento também estão presentes neste Setor. Já nos subsetores B1, B2 e B3, que compõe a margem do rio Parnaíba na área de estudo, existem várias formas de uso e ocupação que se sobrepõem à APP, marcadas principalmente pela agricultura, a criação de animais, algumas moradias e atividades extrativas. A criação de animais de forma extensiva é uma das atividades de maior destaque na área da pesquisa e foi observada em propriedades próximas as margens dos rios Poti e Parnaíba. Observou- se que as propriedades onde essas atividades eram realizadas apresentam alterações bem visíveis, nas matas ciliares. Foi possível observar que o desmatamento é um problema presente tanto no Setor - A quanto no setor - B, o que muitas vezes está associado às queimadas ocorrentes no local. A retirada da vegetação natural através do desmatamento acelera o processo de erosão do solo, uma vez que as plantas servem como um atenuante do impacto das águas das chuvas no solo e consequentemente diminuindo a perda do solo.

Conclusões

Evidenciou-se que as áreas marginais de ambos os rios Poti e Parnaíba vem sendo alvo de varias atividades antrópicas a qual favorecem a deteriorização desses ambientes. Além disso, o fato de as áreas em estudo serem protegidas por lei não impede a utilização de práticas inadequadas e degradantes nas matas ciliares o que acarreta sérios danos ao meio ambiente e principalmente aos cursos d’água. A presença de propriedades consideradas rurais, mesmo tendo tamanho considerável e estando dentro de APP não impede alterações danosas às matas ciliares, onde a realização de atividades mesmo que voltadas para a subsistência é um fator determinante do processo de degradação da mata ciliar em estudo. Com isso, há uma descaracterização morfológica e fisionômica ao longo do curso dos rios.

Agradecimentos

Referências

LACERDA, D. M. A. e FIGUEIREDO, P. S. Restauração de matas ciliares do rio Mearim no município de Barra do Corda - Ma: seleção de espécies e comparação de metodologias de reflorestamento. ACTA AMAZÔNICA vol. 39(2) 2009: 295 – 304.

LINDNER, E. A.; SILVEIRA, N. de F. Q. - A legislação ambiental e as áreas ripárias. In Anais do I Seminário de Hidrologia Florestal: Zonas Ripárias – Alfredo Wagner/SC – 22/09/2003.

MARTINS, S. V. Recuperação de matas ciliares. Viçosa: Aprenda fácil, 2001. 143 p.

OLIVEIRA F. A. T. Estudos ecológicos da vegetação como subsídio para programas de revegetação com espécies nativas: uma proposta metodológica. Cerne, v. 1. nº 1, p. 64-72, 1994.

RODRIGUES, R. R. Florestas Ciliares. In: RODRIGUES, R.R.; LEITÃO FILHO, H.F. (Ed.). Matas Ciliares: conservação e recuperação. São Paulo, Universidade de São Paulo; FAPESP, p. 91-107, 2000.

SALVADOR, D. S. C. O. A Geografia e o método dialético. Sociedade e Território, Natal, v. 24, nº 1, p. 97 – 114 jan./jun. 2012.

SILVEIRA, A. L. R. C.. Parâmetros Bioclimáticos para avaliação de conjuntos habitacionais na região tropical subúmida do Brasil. 2007. 312 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de Brasília- UNB, Brasília, 2007.


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