UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO SALOBRA - SUDOESTE DE MATO GROSSO

Autores

Souza, I.C. (UNEMAT) ; Souza, C.A. (UNEMAT) ; Silva, V.N. (UNEMAT) ; Chaves, I.J.F. (UNEMAT) ; Sodré, F.S.S. (UNEMAT)

Resumo

O trabalho foi realizado na bacia hidrográfica Córrego Salobra, no município de Porto Estrela, sudoeste de MT, com objetivo de realizar o levantamento geomorfológico. O estudo baseou na compilação das informações e trabalho de campo. Os resultados mostraram que a geomorfologia da bacia está subdividida em três unidades: Província Serrana, Depressão do Alto Paraguai e Planície do rio Paraguai.

Palavras chaves

Bacia Hidrográfica; Córrego Salobra; Unidades geomorfológicas

Introdução

Para Christofoletti (1981), bacia hidrográfica apresenta características quanto a forma extensão e conformação da superfície que reflete os efeitos dos elementos do meio ambiente representado principalmente pelo clima, relevo, geologia, solo, recursos hídricos e vegetação. O estudo da geomorfologia permite identificar as principais formas e relevo, de diferentes tamanhos, sua formação e inter-relação com os demais componentes da natureza, e, portanto, são dinâmicos (ROSS, 2011). A ciência geomorfológica, procura compreender as formas de relevo em diferentes escalas espaciais e temporais, suas características morfológicas, materiais componentes e dinâmica evolutiva explicando não só a sua gênese, mas também como evoluem no tempo e espaço, levando em conta os processos geomorfológicos que atuam e modelam o relevo terrestre. Através do estudo das formas de relevo e dos processos associados podem determinar o tipo de alterações e mudanças causadas na superfície terrestre pela intervenção humana (GUERRA e MARÇAL, 2010). O trabalho objetivou realizar o levantamento das unidades geomorfológicas da bacia hidrográfica do córrego Salobra, afluente da margem esquerda do rio Paraguai, localizada no município de Porto Estrela, região sudoeste de Mato Grosso.

Material e métodos

Área de Estudo A bacia hidrográfica do córrego Salobra possui aproximadamente 779,18 km², encontra-se entre as coordenadas geográficas 15º 20’ 00” a 15º 50’ 00” de latitude sul e 57º 02’ 00” e 57º 20’ 00” longitude oeste, suas principais nascentes estão situadas nas encostas dos vales da Província Serrana, percorre um trecho de depressão e deságua na margem esquerda do rio Paraguai. Procedimentos Metodológicos Para o desenvolvimento da pesquisa várias etapas foram desenvolvidas como: pesquisa bibliográfica, delimitação da área através de cartas topográficas, confecção do mapa geomorfológico e trabalho de campo. A área da bacia foi delimitada através das cartas topográficas do Ministério do Exército (1975) na escala 1:100.000 folhas Serra da Palmeira e Barra do Bugres SD-21-Y-D-VI e SD-21-Y-D-III. Para o levantamento dos elementos geomorfológicos utilizou-se dados secundários do relatório RADAMBRASIL (1982). O mapa geomorfológico foi extraído a partir do mapa temático na escala 1:1.000.000 do projeto RADAMBRASIL (1982). Sua arte final foi realizada no programa ArcGis 10.1., que permitiu a compilação dos dados através da classificação tratamento e agrupamento das imagens. As imagens foram obtidas e atualizadas através de imagens de satélite LANDSAT / 5. O trabalho de campo para observação da paisagem se deu em setembro de 2013.

Resultado e discussão

A bacia hidrográfica do córrego Salobra possui três compartimentos geomorfológicos distintos: Província Serrana, Depressão do Rio Paraguai e Planície Fluvial. PROVÍNCIA SERRANA O alto curso da bacia hidrográfica do córrego Salobra, apresenta variações nos aspectos geomorfológicos e está inserido em relevo movimentado da Província Serrana. É caracterizado por um conjunto de vales e serras paralelas, sinclinais e anticlinais com grande simetria, constituídas por dobramentos e falhamentos. A Província Serrana é considerada a segunda maior formação na bacia, apresenta cerca de 325,17 km², superada apenas pela Depressão do alto Paraguai. Ross (1987) classificou o relevo da Província Serrana como um conjunto de anticlinais e sinclinais formando um alinhamento de serras grosseiramente paralelas entre si, caracterizado por forte presença de dobras e secundariamente falhas, onde o processo erosivo atuou em diferentes fases ao longo do Cenozoico, e até mesmo no Mesozoico. A bacia é constituída por um relevo diferenciado em relação o médio e baixo curso. No alto curso as serras existentes são: serra do Sabão, Pindeivar, Bocaina, Camarinha, três Ribeirões e serra do Canal. Esse conjunto de serras paralelas influencia nas características da rede de drenagem, como morfologia do canal, e padrão de drenagem. O projeto RADAMBRASIL (1982), classificou a Província Serrana, como um relevo movimentado com cristas monocinclinais separadas entre si por vales de encostas abruptas e fundo plano. O relevo atual é resultado das fases erosivas que atuaram na estrutura dobrada, de diferentes formações litológicas. Apresenta-se com variadas formas ocorrendo estrutura em anticlinais com dorsos preservados e erodidos, vales de sinclinais preservados, sinclinais alçados, escarpas estruturais geradas por falhas e depressões embutidas arrasadas por erosão. Pode-se destacar a relação entre cristas ou relevo alto (presença de rochas areníticas), e a ocorrência dos calcários no interior dos anticlinais erodidas ou na parte externa das bordas sinclinais alçadas, podendo-se observar uma associação do relevo invertido e formas concordantes com a disposição estrutural. DEPRESSÃO DO ALTO PARAGUAI Este compartimento geomorfológico é o mais expressivo na bacia, abrange área de 418,02 km², inserido no médio curso da bacia do córrego Salobra, esta unidade corresponde a extensas áreas rebaixadas e drenadas pelos tributários do alto curso do rio Paraguai, com diferenças regionais nas feições geomorfológicas sendo composta por altimetrias distintas. Segundo Souza (2004), a Depressão do Alto Paraguai sofreu diversos processos de erosão, que atuaram em litologias variadas estendendo-se desde o Pré-Cambriano ao Carbonífero. A Depressão do Alto Paraguai corresponde a uma superfície de relevo pouco dissecada, com pequeno caimento topográfico de nordeste para sudoeste, com topos planos e drenagem pouco profunda, em cotas altimétricas oscilantes entre 120 e 300 metros (RADAMBRASIL,1982). Grande parte dessa unidade mostra-se encoberta por sedimentos arenosos finos da mesma origem dos existentes no pantanal de Mato Grosso (ROSS, 2011). PLANÍCIE DO RIO PARAGUAI A terceira unidade corresponde a planície do rio Paraguai, esta unidade encontra-se no baixo curso da bacia hidrográfica, e apresenta área territorial de 36, 60 km². A planície de inundação é resultante de acumulação fluvial nos ciclos de cheia do rio Paraguai. Souza et al. (2012), enfatiza que o nível da água do rio Paraguai eleva-se durante o período de cheia, transbordando para os canais secundários, ou nas planícies marginais, provocando a remoção e a remobilização de sedimentos nesses ambientes.

Figura 01



Figura 02



Conclusões

A bacia hidrográfica do córrego Salobra possui três compartimentos geomorfológicos distintos: Província Serrana, Depressão do Rio Paraguai e Planície Fluvial. O Alto curso da bacia está inserido em relevo movimentado da Província Serrana. O relevo atual apresenta-se de variadas formas, com dorsos preservados e erodidos, vales com sinclinais preservados, sinclinais alçados, escarpas estruturais geradas por falhas, depressões embutidas e arrasadas por erosão. A Depressão do Alto Paraguai é o compartimento geomorfológico mais expressivo na bacia, abrange área territorial de 418,02 km², inserido no médio curso, corresponde a extensas áreas rebaixadas composta por altimetrias distintas. A Planície do Rio Paraguai está inserida no baixo curso da bacia hidrográfica, apresenta área territorial de 36,60 km², sendo a menor formação da bacia apresentando características diferentes principalmente em relação ao alto curso.

Agradecimentos

A Coordenadora do Laboratório de Geomorfologia Fluvial (LAPEGEOF), Drª Célia Alves de Souza, pela orientação e apoio logístico. Ao mestrado de Ciências Ambientais - Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT.

Referências

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial. São Paulo: Edgard Blucher, 1981.

GUERRA,A.T e MARÇAL.M.S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro, editora Bertrand Brasil,2010.

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO – Diretoria de Serviço Geográfico SD-21-Y-D-VI e SD-21-Y-D-III escala de 1:100. 000, 1975.


RADAMBRASIL. Levantamentos dos Recursos Naturais Ministério das Minas de Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL. Folha SD 21 Cuiabá, Rio de Janeiro, 1982.

ROSS, J. L. S. Estudo e cartografia geomorfológica da Província Serrana de Mato Grosso. Tese (Doutorado) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. São Paulo, 1987.

ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil, Editora da Universidade de São Paulo, Didática, São Paulo,2011.

SOUZA,C.A. Dinâmica do Corredor Fluvial do Rio Paraguai entre a cidade de Cáceres e a Estação Ecológica da Ilha de Taiamã-MT. Tese Rio de Janeiro, 2004.

SOUZA, C. A.; SOUZA, J. B.; FERREIRA, E.; ANDRADE, L. N. P. S. Bacia hidrográfica do rio Paraguai. In: SOUZA, C. A. (Org.). Bacia hidrográfica do rio Paraguai – MT: dinâmica das águas, uso, ocupação e degradação ambiental. São Carlos-SP: ed. Cubo, 2012.



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