Autores

Pinheiro, L.S. (UEMG - FRUTAL - MG) ; Caetano, J.S. (UEMG - FRUTAL - MG) ; Pereira, T.T.C. (UEMG - FRUTAL - MG)

Resumo

Por meio da Cartografia Geomorfológica é possível visualizar e localizar as feições esculturais e estruturais do modelado terrestre. Neste trabalho o objetivo foi realizar o mapeamento geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Frutal, manancial de abastecimento da cidade de Frutal (MG). A metodologia consistiu, no estabelecimento da base teórica, pela consulta bibliográfica, checagem de campo, elaboração e interpretação dos produtos cartográficos em laboratório. Verificou-se a predominância das vertentes convexas e pouca ocorrência de vertentes retilíneas, as vertentes côncavas são susceptíveis às erosões lineares e suas formas mais catastróficas, as voçorocas, foram observadas na alta bacia, bem como outras diversas feições erosivas como sulcos e ravinamentos. As linhas de ruptura topográfica indicam que os canais hídricos dissecaram o relevo e a maioria das feições erosivas localizam-se na porção inferior às linhas de ruptura.

Palavras chaves

Mapeamento Geomorfológico; Formas de Vertente; Planejamento Ambiental

Introdução

As atividades humanas desenvolvem-se sobre a superfície terrestre, porém, não há, de maneira geral, o cuidado do Poder Público e também da iniciativa privada no Planejamento Territorial. Desta forma, as diversas atividades são implantadas de maneira espontânea, sem considerar as aptidões e restrições do relevo. Após o estabelecimento das atividades mal planejadas há o desenvolvimento de impactos de abrangência social e ambiental. Para tanto, torna-se importante a análise do relevo, no intuito de conhecer sua dinâmica e prever futuros impactos. Por meio da abordagem dos diversificados fenômenos, a pesquisa geomorfológica deve ocorrer de forma rigorosa e sistêmica para haver a correlação entre o mapeamento e a checagem de campo. O substrato litológico condiciona a uma maior ou menor vulnerabilidade ambiental, pois, as rochas com maior resistência geralmente apresentam-se dispostas nas áreas mais elevadas e aquelas que sofreram maior desgaste localizam-se nos setores basais. Na literatura clássica são muito relevantes as contribuições de Christofoletti (1980), Guerra e Cunha (2007) e Ross (1990), que ainda são referência para a maioria dos trabalhos nacionais. Deste modo, apesar da existência de bibliografia mais recente, a influência dos autores clássicos é marcante e está presente na maioria dos trabalhos dos pesquisadores atuais. Diversos autores mais recentes tem atuado no mapeamento geomorfológico, como Sato e Cunha (2014), Pinheiro (2012), Pinheiro et al. (2014), priorizando a dinâmica escultural do relevo. O presente trabalho utilizou como área de estudo a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Frutal, localizada em Frutal (MG), na região do Triângulo Mineiro no Estado de Minas Gerais. Tem como base econômica a agropecuária, com plantações de soja, cana-de-açúcar, abacaxi, como também a prática de pecuária. De acordo com dados do IBGE (2017) a área total do município é de 2.427,0 km² com população estimada em 58.770 habitantes. Na divisão administrativa de Minas Gerais suas terras estão na Região Administrativa do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, faz divisa com os municípios de: Campina Verde, Carneirinho, Comendador Gomes, Fronteira, Itapagipe, Iturama, Limeira do Oeste, Pirajuba, Planura e São Francisco de Sales. O relevo de Frutal é, em geral, plano ou suavemente ondulado, assentado sobre a Bacia Sedimentar do Paraná, suas altitudes variam entre 500 e 600 m, apresenta relevo residual de chapadões e morros testemunhos da Formação Marília e Formação Adamantina, que resistiram à dissecação. Quanto à classificação dos solos, ocorrem o Latossolo Vermelho-Amarelo e o Latossolo Vermelho, apresentando variações de teor de ferro, com textura arenosa e areno-argilosa. O clima predominante é o tropical sazonal, de inverno seco e verão chuvoso. Os três meses mais úmidos são novembro, dezembro e janeiro, onde se concentram a metade da precipitação anual. No âmbito da pesquisa geomorfológica, cabem destaque os trabalhos de Lima (2015) e Jonas (2016) que realizaram as primeiras pesquisas utilizando mapeamento geomorfológico em bacias hidrográficas em Frutal (MG), em maior detalhe. A maior aplicação de trabalhos desta natureza no município pode contribuir para o planejamento municipal, servindo como base de análise para implantação de atividades antrópicas. Do exposto, o objetivo geral proposto por este projeto de pesquisa foi realizar o mapeamento geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Frutal localizada no município de Frutal-MG. No intuito de alcançar tal objetivo, foram alcançados os seguintes objetivos secundários: • Identificação dos principais aspectos geológicos e geomorfológicos presentes na região de estudo; • Identificação dos setores onde a dinâmica geomorfológica atua mais sensivelmente, como as rupturas topográficas; • Aplicação do mapeamento digital na elaboração dos produtos cartográficos. A seguir estão descritos os procedimentos metodológicos que possibilitaram a aplicação dos objetivos supracitados.

Material e métodos

O norteamento teórico da pesquisa foi de acordo com abordagem sistêmica, ou seja, a Teoria Geral dos Sistemas, que considera os diversos fatores integrados e relacionados entre si. Nessa perspectiva, a metodologia consistiu, primeiramente, no estabelecimento da base teórica, por meio da consulta bibliográfica, checagem de campo, elaboração e interpretação dos produtos cartográficos em laboratório. Para a elaboração da Carta Geomorfológica utilizou-se, predominantemente, a simbologia proposta por Tricart (1965) para identificar as diversas formas de relevo, complementando-se estas com alguns símbolos de Verstappen e Zuidam (1975). Segundo Tricart (1965) esta carta é centrada na forma do relevo, de degradação ou de acumulação, correspondente à noção de escultura pelas erosões, ou, de maneira mais geral, da construção do modelado do relevo. Adotou-se como referencial metodológico o roteiro proposto por Ab’Sáber (1969), este difunde a ideia de uma geomorfologia tripartite, sistematizando alguns níveis de tratamento considerados essenciais para o desenvolvimento metodológico de uma pesquisa de caráter geomorfológico. Os três níveis postulados compreendem: a compartimentação topográfica, a estrutura superficial da paisagem e o estudo da fisiologia paisagística. A compartimentação topográfica refere-se à caracterização topográfica e a descrição precisa das formas do relevo envolvendo não apenas, a análise da topografia, mas também a influência da geologia e da estrutura nesta compartimentação. O levantamento da estrutura superficial propõe extrair informações da estrutura superficial da paisagem a partir de observações dos depósitos geológicos. A fisiologia da paisagem é compreendida como a expressão do funcionamento atual da paisagem, correspondendo aos processos atuais que operam no modelamento das formas. Em virtude da deficiência de fotografias áreas do local de estudo, a interpretação realizou-se utilizando a altimetria do terreno, por meio da visualização das curvas de nível, para o modelado do relevo e de imagens de satélite obtidas junto à Prefeitura Municipal de Frutal, com resolução de 0,15 m no espectro visível. Para extração das curvas de nível foi utilizado o software Sketchup, que permite boa qualidade das curvas, após correção manual, assim, elaborou-se a base cartográfica com equidistância de 5 m para as curvas de nível. Foram mapeados os elementos do relevo relacionados a agradação e degradação, enfatizando-se as áreas de acumulação fluvial, as formas de vertentes, as rupturas topográficas e as interferências antrópicas, como sulcos erosivos e ravinas e voçorocas. Para tanto, utilizou-se do Software AutoCAD para elaboração do mapeamento geomorfológico, por meio da interpretação visual. Para alcançar os objetivos deste trabalho foram realizados os seguintes procedimentos técnicos: • Visitas de campo para reconhecimento e checagem das informações; • Mapeamento das áreas estudadas; • Interpretação das informações cartográficas geradas; • Análise dos dados coletados. Para viabilizar estes procedimentos foram utilizados os materiais que se seguem: • Software AutoCad para georreferenciamento, elaboração e vetorização das cartas elaboradas e utilizadas; • Software Sketchup para extração das curvas de nível; • Computador para digitação das informações e elaboração dos relatórios; • GPS para registro dos locais visitados em campo; • Folhas A4 para impressão das informações. Do exposto, ressalta-se que a Teoria sistêmica permitiu o estabelecimento das relações entre os diversos fatores atuantes na área, tendo em vista os fluxos de matéria e energia relacionados ao modelado do relevo.

Resultado e discussão

A Bacia Hidrográfica do Ribeirão Frutal, base de análise desta pesquisa, apresenta suas principais nascentes próximas aos rebordos do Planalto do Rio Grande. Assim, seguindo as características do relevo nas nascentes o alto curso do Ribeirão Frutal possui as maiores declividades chegando à mais de 30%, conforme verificação em campo, com anfiteatro amplo resultando em fluxos concentrados de escoamento superficial nas vertentes adjacentes. Observou-se que uma das nascentes, localizada no setor à oeste, está inserida em uma voçoroca que desenvolveu-se seguindo em erosão regressiva à montante, porém, o estabelecimento de vegetação em seu interior permitiu maior estabilidade, diminuindo sua velocidade de desenvolvimento. No médio curso, sofre maior pressão da área urbana, sendo que em diversos setores verificou-se estado de assoreamento, causado pelo carreamento de sedimentos devido pelo fluxo sem manejo do escoamento superficial, agora potencializado pela urbanização. O curso recebe, ainda no médio curso, dejetos descartados pela população e os resíduos provindos da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da cidade, a observação de espuma na água do Ribeirão remete ao fato dos detergentes não serem metabolizados pela ETE. Dois dos principais afluentes do Ribeirão Frutal, os Córregos Vertente Grande e Córrego do Marianinho, apresentam desenvolvimento de erosão linear concentrada, resultando em voçorocas em todas as suas nascentes, fato que deveria ser analisado com mais cuidado pelo poder público. Notou-se ainda o depósito de diversos tipos de descarte ao longo do Córrego Vertente grande e nas nascentes do Córrego do Marianinho. No baixo curso a velocidade do fluxo do Ribeirão Frutal diminui drasticamente, com a baixa declividade do leito em direção à jusante e a proximidade do nível de base, facilitado pelo represamento da Hidrelétrica de Marimbondo. Predominam nesse setor a monocultura canavieira, havendo ainda, minoritariamente, a atividade pecuária. Em situação inversa ao alto curso, onde prevalece a pecuária, porém, a maior declividade permite o estabelecimento de vegetações de matas, pela menor facilidade de acesso humano. O Ribeirão Frutal é muito importante para a cidade de Frutal, já que o Ribeirão Frutal é o manancial de abastecimento hídrico da cidade. No entanto, o Poder Público ainda não faz o devido planejamento ambiental da área, tendo em vista as diversas atividades humanas que são desenvolvidas no seu entorno sem o planejamento e norteamento adequado. Os dados obtidos com a interpretação visual e checagem de campo resultaram na elaboração da Carta Geomorfológica (Figura 1), de grande complexidade no desenvolvimento, pois, requer acuidade visual e arcabouço teórico estabelecido. Também foram inseridas na carta as informações geológicas, de fácil observação na legenda, com o preenchimento colorido, de maneira que não interfira na visualização das simbologias do mapeamento geomorfológico. Dois fatores forma importantes na identificação da geologia da bacia, a checagem de campo e a análise das rupturas topográficas. É notório que a ruptura topográfica indica o local onde há diferenciação na dinâmica erosiva, resultada pela diversidade do substrato litológico, assim, observando as linhas de ruptura aliadas à checagem de campo notou-se uma ruptura topográfica mais marcante na porção setentrional, devido a presença da Formação Uberaba, composta por arenitos, chamada assim, mas, na verdade é uma variação da Formação Botucatu. A grande maioria da área de estudo é composta pelos arenitos da Formação Vale do Rio do Peixe, de maior friabilidade em relação à Formação Uberaba. Próximo à jusante há o afloramento e o desenvolvimento de solos influenciados pela Formação Serra Geral, como os latossolos. Do exposto, verificou-se que as linhas de ruptura delineiam os cursos hídricos da bacia, o que significa que esses canais dissecaram o relevo, onde a superfície com mais suscetibilidade erosiva localiza na porção inferior às linhas de ruptura. Apesar da grande resistência dos materiais da Formação Serra Geral o relevo observado é relativamente suave, fato que se dá pela grande capacidade de intemperização dessas rochas, por meio da oxidação do ferro, muito abundante nessa formação rochosa, potenciada pela proximidade da confluência com o Rio Grande e do nível freático. De modo inverso, os arenitos, compostos majoritariamente por quartzo, resistem ao intemperismo e quando possuem maior coesão suportam mais o relevo, como ocorre com a Formação Uberaba. A maioria dos canais tributários situam-se na margem esquerda do Ribeirão Frutal, bem como as linhas de rupturas topográficas. Verifica-se também que a maior disposição dos caimentos topográficos, assim denominadas as superfícies do relevo com declividade direcionada e delimitada por linhas de rupturas (Figura 2). Há presença menor de colos topográficos restritos ao setor da alta bacia, caracterizados pela proximidade de dois topos de interflúvios, que resistiram à erosão diferencial. As formas de vertentes predominantes são as convexas (Figura 3), responsáveis pela dissipação do escoamento hídrico superficial e em menor parte ocorrem as vertentes retilíneas, influenciadas pela homogeneidade do substrato geológico. As vertentes côncavas, apesar de não serem maioria, inspiram cuidados, pois, possibilitam a concentração do escoamento superficial, o que pode originar as erosões lineares aceleradas e suas formas mais catastróficas, as voçorocas. Na alta bacia existe um setor com um grande anfiteatro, oriundo de uma grande a ampla vertente côncava, o que ratifica a importância do manejo adequado do local. Quantos aos fundos de vale foram mapeadas duas feições, de acumulação de planície fluvial (APF) e acumulação de planície e terraço fluvial (APTF). Na primeira feição a planície está em contato direto com a água do leito fluvial e muito suscetível às inundações, enquanto que na outra feição existe um pequeno terraço fluvial, raramente ultrapassando três metros de altura em relação à agua. Outra fator que diferencia é a menor propensão às inundações da APTF, porém, mesmo que em menor frequência elas ainda ocorrem, diferentemente se fosse acumulação de terraço fluvial (ATF), não observada na bacia. As áreas de APTF coincidem com a proximidade da área urbana, localizada no setor da média bacia, o que potencializa os impactos e com o aumento do escoamento superficial, as inundações começam a ser mais frequentes, como ocorreu em janeiro de 2016 com três inundações, após vários anos sem inundação no local.

Figura 1

Carta Geomorfológica da Bacia do Ribeirão Frutal.

Figura 2

Linha de Ruptura Topográfica.

Figura 3

Vertente Convexa.

Considerações Finais

O mapeamento geomorfológico é fundamental para a instalação de tais atividades, não obstante, a despeito da importância do Ribeirão Frutal para o abastecimento da cidade, não há o efetivo Planejamento Territorial por parte do Poder Público. A análise dos dados da pesquisa revelou diversos setores que são problemáticos e de grande vulnerabilidade ambiental. O delineamento das rupturas topográficas, condicionadas pela diferenciação do substrato geológico, em especial nas vertentes convexas, majoritárias na área de estudo, indica grande potencial de escoamento difuso e também inspira cuidados com o desenvolvimento da erosão laminar, feição mais discreta e de menor percepção da sociedade. O Trabalho foi de grande importância, pois, surgiu de projeto de iniciação Científica de aluna do curso de graduação em Geografia. Espera-se que o Poder Público passe a se importar com o que se desenvolve nos muros acadêmicos e procure pela universidade na busca de informações científicas para o planejamento das atividades humanas.

Agradecimentos

Agradecemos à Reitoria e às Pró Reitorias da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) pelo auxílio financeiro, bem como à UEMG - Unidade Frutal pelo apoio nos trabalhos de campo e nos laboratórios e ao Programa PAPq – UEMG pela concessão da bolsa de Iniciação Científica à estudante.

Referências

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