Autores
- PEDRO PAULO CARLINOUNEMATEmail: pedro.paulo.carlino@unemat.br
 - EDUARDA DA SILVA VIEIRAUNEMATEmail: eduarda.silva@unemat.br
 - GUSTAVO ROBERTO DOS SANTOS LEANDROUNEMATEmail: gustavo.leandro@unemat.br
 - LEILA NALIS PAIVA DA SILVA ANDRADEUNEMATEmail: leilaandrade@unemat.br
 - MAXSUEL FERREIRA SANTANAUNEMATEmail: maxfsantana@hotmail.com
 - FABIO JUNIOR DO ESPIRITO SANTO ANDRADEUNEMATEmail: fabio_jr.andrade@hotmail.com
 
Resumo
A pesquisa teve como objetivo identificar os tipos de ocupação e uso da terra no 
município de Jauru, Mato Grosso. Para o desenvolvimento foi utilizado 
referencial teórico em livros, artigos e outras fontes documentais. Foi 
levantado as atividades econômicas nos sites do IBGE, Seplan e portal da 
prefeitura entre 1985 e 2020. Pode-se verificar que com a colonização houve o 
desmatamento das florestas para atividades econômicas como agricultura e 
pecuária, com destaque para criação de bovino. Assim, o município passou por 
mudanças significativas na paisagem, contribuindo com alterações no ecossistema 
local. Destacando-se, por exemplo, a degradação do solo e, o processo de 
assoreamento de canais fluviais associado ao aporte de sedimentos. Do ponto de 
vista da conectividade, considera-se que tais impactos comprometem a qualidade 
ambiental e os recursos hídricos da região.
Palavras chaves
Cobertura Vegetal; Desmatamento; Agricultura; Pecuária; Impactos Ambientais
Introdução
O processo de colonização no Brasil foi marcado por diversas movimentações tanto 
do governo federal como das iniciativas privadas. Nesse contexto, Bonfim (2009) 
ressalta que: 
No Brasil, a partir da primeira metade do século XX, notou-se uma intensificação 
do processo de ocupação de espaços, naquele momento entendidos pelos governos e 
empresas colonizadoras como espaços vazios ou, até mesmo, como sertões bravios. 
Processo aquele caracterizado pelas frentes pioneiras e acentuado sobretudo a 
partir da era Vargas, no decorrer das décadas de 1940 e 1950 (BONFIM, 2009, p. 
42).
	
De acordo com Mota (1995), as atividades humanas têm exercido cada vez mais 
pressão sobre os recursos naturais, especialmente no que diz respeito aos 
recursos hídricos. Souza (2009) explica que o homem, durante sua evolução, 
passou a fomentar uma noção em que ele mesmo se distancia e se distingue do meio 
ambiente, como se não fizesse parte dele. Diante dessas reflexões, percebe-se 
que a apropriação dos elementos naturais pelo homem ocorrem de forma predatória, 
indiscriminada e imediatista, conforme as exigências da atual sociedade 
capitalista que propõem a utilização irracional desses elementos, sem uma 
reflexão profunda para as consequências que esses fatos irão ocasionar, haja 
vista que todos os elementos naturais, em que o homem também se insere,  
estabelecem uma conectividade  e uma interdependência. Qualquer agressão a um 
desses elementos, implica em um movimento em cadeia, que trará consequências 
para todos os demais.
	O uso desenfreado do solo e dos recursos naturais resultam em respostas 
desastrosas que irão pressionar o meio natural, trazendo consequências ou 
prejuízos decorrentes dessas ações (CARVALHO et al., 2010). 
	A sociedade atual é dinâmica que muda a paisagem ao longo do tempo 
conforme as atividades desenvolvidas, agricultura, pecuária, urbanização, 
mineração, navegação e outros. Essas ações antropogênicas produzem efeitos 
nocivos ao ecossistema do local-global (ORTEGA e CARVALHO, 2013). 
Considerando os estudos voltados ao ambiente e a importância da ciência 
geográfica, pode-se conceituar que a análise da paisagem e suas particularidades 
visa entender “as relações entre a natureza e a sociedade no decorrer do tempo”. 
Assim, “a investigação é fundamental para a efetivação dos estudos geográficos 
ao passo que fornece as informações necessárias para tomada de decisões” (SILVA 
e ANDRADE, 2019, p. 33).
	Sendo assim, a pesquisa teve como objetivo identificar os tipos de 
ocupação e uso da terra no município de Jauru, Mato Grosso.
Material e métodos
A área de estudo corresponde o município de Jauru localizado na região sudoeste 
do estado de Mato Grosso (Figura 1).
Figura 1. Localização do município de Jauru
 
Foi realizado o levantamento teórico em livros, artigos, teses, dissertações e 
outras fontes que contemplam a temática (LAKATOS; MARCONI, 2007).
O período histórico temporal compreendido entre 1985 e 2020 foi selecionado por 
apresentarem momentos históricos importantes para a cidade. O período inicial é 
marcado pela disputa por posse de terras e execução de projeto de reforma 
agrária, fato que promoveu o aumento populacional e a ocupação de novas áreas. O 
período final trata-se do momento presente, onde as transformações puderam ser 
verificadas in locus. Foram levantados dados referentes à densidade demográfica 
e às atividades econômicas, nos sites do IBGE, Seplan e portal da prefeitura. 
Resultado e discussão
A ocupação do estado de Mato Grosso foi fortemente incentivada pelo governo 
federal e estadual na década 50. Várias pessoas vieram do estado de São Paulo a 
procura de variedade de madeiras de lei que serviam para o extrativismo como 
fonte de renda (AVELINO, 1999; ANDRADE et al., 2012). Os incentivos para a 
colonização do Centro Oeste contribuíram com a ocupação imediatista, pois várias 
áreas foram desmatadas para estabelecer as áreas urbanas e as atividades 
econômicas (CARLINO, 2023). 
Nesse contexto, a colonização do município de Jauru teve início em 1953 e contou 
com pessoas vindas dos estados de Minas Gerais e São Paulo. Em 20 de dezembro de 
1979, foi criado o município. O nome da localidade faz referência ao rio Jauru 
que perpassa o território da cidade. No ano de 2010, sua população era de 10.461 
habitantes. (MENDES, 2015). Segundo o IBGE, para o ano de 2020, a população 
estimada do município de Jauru era de 8.582 habitantes. E a sua base econômica 
encontra-se voltada para a agropecuária (IBGE, 2020).
No passado, o município serviu de limite entre os reinos de Portugal e Espanha, 
assim definido pelo Tratado de Madrid em 1750. Na década de 1950, a colonização 
do território que abriga o município de Jauru teve início com a aquisição de uma 
área de 250 mil hectares, no município de Cáceres, entre os rios Guaporé e 
Jauru, pela Companhia de Terras Sul Brasil (JAURU, 2013). 
  Em 1953, Francisco Ângelo Montalar e outros membros da família adquiriram 
terras e instalaram-se na região. Estas terras foram divididas e numeradas em 
quatro glebas de 1 a 4. Uma das partes formou a área urbana de Jauru, que 
primeiro foi nomeada de Gleba Paulista, posteriormente alterada para Cidade de 
Deus.  Por fim, lhe deram a denominação de Jauru. A cidade possui, também, 
várias usinas hidrelétricas localizadas no seu rio principal, o rio Jauru; o 
município foi criado no dia 20 de setembro de 1979, pela Lei nº 4.164 (JAURU, 
2013; 2019).
Jauru é considerado um centro local de baixa influência em relação aos 
municípios vizinhos. Dentro de sua área de influência, a cidade atrai maior 
parte dos visitantes para logística de transportes. Jauru é o 5º município mais 
populoso da pequena região de Mirassol D'oeste, com 8,6 mil habitantes (CUSTODIO 
et al., 2022).
O processo de colonização impulsionou diversas alterações nos elementos naturais 
da área estudada. De acordo com dados disponibilizados na tabela 1, foi possível 
notar que no período compreendido entre os anos 1985 e 2015 houve uma redução 
das áreas florestais em 32,56%. Em 1985, a área coberta por florestas 
correspondia a 45,49% da área total do município, diminuindo drasticamente para 
12,92% em 2015. A análise da tabela nos permite constatar que, concomitante a 
esse processo, houve a expansão das áreas utilizadas pela pecuária, que em 1985 
era de 53,74% da área do município, elevando-se para 86,15% no ano de 2015. 
Nesse sentido, pode-se dizer que o desenvolvimento da agropecuária foi 
responsável pelo desmatamento elevado no município (Tabela 1).
Tabela 1: Tipos de usos da terra no município de Jauru nos anos 
1985, 1995, 2005, 2015 e 2020.
Conforme mostra a tabela 1, o ano de 1985 registrou que, em Jauru, 53,74% de seu 
território era destinado à produção agropecuária. Nesse período, de acordo com o 
IBGE (2020), a produção agropecuária do município era composta por lavouras 
temporárias, permanentes e pecuária bovina. Os principais produtos temporários 
cultivados eram mandioca, milho e feijão, dentre os permanentes, havia 
plantações de laranja, café e algodão. As lavouras temporárias consistem em 
plantio provisório que dura basicamente em período curtos e tempo apropriado 
para a colheita mais rápidas.
É possível notar também que entre 2015 e 2020 ocorreu um pequeno acréscimo nas 
áreas florestais do município que aumentaram de 12,92% no ano de 2015 para 
13,49% em 2020. Esse acréscimo é atribuído a alguns produtores que deixaram 
formar novamente algumas pequenas reservas em suas terras como apontam a figura 
2.
Figura 2: Tipos de uso da terra no município de Jauru nos anos
de 2020, 2015, 1995 e 1985
A região do município que abriga a maior quantidade de florestas localiza-se ao 
Norte, onde, de acordo com Andrade et al. (2012), é a região compreendida pelo 
Planalto dos Parecis, cuja geomorfologia é composta por encostas, afloramentos 
rochosos e acentuada declividade, que dificulta o processo agropecuário.  
Segundo o projeto Radambrasil (1982), a vegetação predominante dessa região é a 
Formação Secundária, remanescente de formações naturais que foram modificadas 
com a retirada de madeira, com isso, ocorreu a abertura de clareiras com efeito 
de bordas. A vegetação não apresenta mais as características florísticas 
estruturais e dinâmicas originais, atualmente, há o predomínio de espécies 
secundárias e de baixo valor econômico. 
A redução das áreas de florestas se explica pelo crescente aumento das áreas 
destinadas à agropecuária. Atualmente, a base econômica do município é a 
pecuária bovina. Domingues e Bermann (2012) atribuem a abertura de novas áreas 
para o desenvolvimento da atividade agropecuária como sendo uma das principais 
causas da redução da vegetação natural, ao substituírem florestas por pastagens.
Em relação às áreas destinadas à agropecuária, nota-se na figura 2 que no ano de 
1985 ela correspondia a 53,74% da área. Seu período de maior expansão ocorreu na 
década que se estende de 1985 a 1995. Nesse período, a área ocupada pela 
agropecuária passou de 53,74% para 76,40%, tendo um aumento de 22,66%. Convém 
lembrar que esse aumento foi atingido com o desmatamento das áreas florestais já 
citado.
Atualmente, o espaço ocupado pela agropecuária é de 84,98% do município. Nessa 
área há o predomínio de pequenas e médias propriedades, ocupadas pela pecuária 
bovina. O rebanho efetivo no município é de 223.346 cabeças, predominando a 
pecuária de corte. A agricultura é incipiente, uma vez que são cultivados apenas 
alguns produtos como mandioca, milho e feijão, voltados para suprir as 
necessidades familiares de alguns moradores.
Segundo dados do site da Prefeitura Municipal de Jauru, a base econômica do 
município é a pecuária, com sistema de cria, recria, corte e leiteira. Uma 
indústria de laticínios absorve grande parte do leite produzido na cidade. A 
agricultura está representada por pequenas propriedades rurais, destacando-se as 
culturas de arroz, milho, banana e outros produtos ligados à lavoura de 
subsistência (JAURU, 2019).
O PIB da cidade é de cerca de R$ 292,5 milhões, sendo que 52,8% do valor 
adicionado advém da indústria, na sequência aparecem as participações da 
administração pública (20,7%), dos serviços (20,7%) e da agropecuária (7%). 
(JAURU, 2019).
Com esta estrutura, o PIB per capita de Jauru é de R$ 33,3 mil, valor inferior à 
média do Estado (R$ 40,8 mil), mas superior à grande região de Cáceres (R$ 29,1 
mil) e à pequena região de Mirassol D'oeste (R$ 24,9 mil). (CUSTODIO et al., 
2022).
As atividades agrícolas desenvolvidas no município, entre a lavoura permanente e 
a temporária, destacou-se a lavoura temporária, uma vez que no período 
analisado, a produção do milho, em 2004, foi de 1.170 kg. Em 2011, a mandioca 
teve a produção de 1.440 kg. Observa-se, no período, uma dinâmica no cultivo 
cultural de feijão, melancia e arroz.
O município cria bovinos, equinos, galináceos, muares, ovinos e suínos, 
entretanto, o destaque fica por conta da pecuária bovina nos dois períodos 
analisados 2004 e 2011. Os dados comprovam a forte influência da pecuária no 
município como a principal fonte de renda.

Tipos de usos da terra no município de Jauru nos anos 1985, 1995, 2005, 2015 e 2020.

Tipos de uso da terra no município de Jauru nos anos de 2020, 2015, 1995 e 1985.
Considerações Finais
Pode-se verificar que o estudo realizado no município de Jauru uma intensa 
apropriação do relevo e, o uso de recursos naturais, como os solos e a água, que 
promove perturbações no meio físico. Com a colonização áreas foram desmatadas para 
construções de casas, comércios e atividades econômicas como: agricultura e 
pecuária, em destaque a criação de gado.
Dessa forma, considera-se que a vegetação é essencial para o ambiente. Entretanto, 
é um dos primeiros elementos da paisagem a serem alterados, quando não, totalmente 
retirados. Assim, uma vez alterada acarreta impactos nos sistemas ambientais. 
Portanto, é necessário estudos aprofundados das ações antropogênicas que modificam 
e continuam a transformar a fisiografia natural da região. Por fim a uma grande 
necessidade de o poder público fiscalizar as atividades que possam provocar os 
impactos ambientais, sobretudo quando se considera seus efeitos indiretos e 
diretos nos canais fluviais. 
Agradecimentos
Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT.
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso-FAPEMAT.
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