Autores
- MARCOS DANIEL SILVA SOUSAUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁEmail: silvamarcos0986@gmail.com
 - HÍCARO MICAELL NOGUEIRA VINAGREUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
 - ANA LUIZA DA ROCHA SOUZAUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁEmail: ana.rocha.souza@itec.ufpa.br
 
Resumo
A bacia hidrográfica do Tucunduba é uma das mais 
populosas da cidade de Belém, 
no norte do 
Brasil e com isso ao longo de décadas teve seu 
espaço alterado devido ao 
processo de ocupação, 
principalmente a ocupação irregular.Este artigo 
teve como metodologia mostrar 
por meio de 
levantamento bibliográfico, mapas comparativos de 
uso e ocupação do solo, 
pesquisa de campo e 
imagens voltados ao foco da pesquisa.Os 
resultados mostram que a área de estudo 
mesmo após 
algumas intervenções do estado para melhorias no 
local, muitas áreas ainda estão 
degradadas e 
degradam,tanto o solo quanto à hidrografia, os 
resultados também mostram que a 
maioria da 
população da bacia do Tucunduba é vulnerável 
socialmente e isso influencia muito 
no acesso às 
políticas de educação ambiental.Os objetivos da 
pesquisa foram analisar as 
transformações 
antropogênicas e os impactos socioambientais que 
elas geram e além disso mostrar 
a expansão da 
mancha urbana na bacia do tucunduba em anos 
diferentes. 
Palavras chaves
Bacia Hidrográfica do tucunduba; Ocupação irregular; Degradação; Uso e ocupação do solo; Transformações Antropogênicas
Introdução
A bacia do rio Tucunduba é localizada na parte 
sudeste do município de Belém,a 
bacia do Tucunduba é a segunda bacia de 
drenagem de águas pluviais de Belém, afluente do 
Rio Guamá, com aproximadamente 
10 km². Esta bacia possui 12 canais, 
com 12 km de extensão, aproximadamente, sendo que 
5,70 km estão retificados e 
6,30 km encontram-se em leito natural. 
(Silva et al.,2016). Passando por bairros 
populosos de Belém como: Marco,Terra 
Firme, Canudos e Guamá. Mais de 50% da 
bacia se localiza em área alagável e conta com 
vários igarapés e é entrecortada 
pelos canais, sendo: Tucunduba, Lago 
Verde, Caraparu, Dois de Junho, Mundurucus, 
Gentil Bittencourt, Nina Ribeiro, 
Santa Cruz, Cipriano Santos, Vileta, 
União, Leal Martins e Angustura. (Almeida,2004). 
E por está localizada em uma 
área populacionalmente densa e sua área, 
em sua maioria, é alagável constantemente no 
período chuvoso ou de maré alta a 
área se depara e vive com as inundações 
urbanas o que piora a situação é que a maioria 
dos imóveis estão localizados em 
aglomerados subnormais , exemplo a 
comunidade Riacho doce e Caraparu, ambas 
localizadas no bairro do Guamá, que 
concentra a maior densidade populacional 
da cidade.(Cruz,2018). Segundo (Agência 
Pará,2021), atualmente o perímetro 
próximo a UFPA e no bairro da terra firme  
passam por obras, e alguns trechos já foram 
entregues ,porém esses trechos de 
obras se estendem desde os anos 90, a 
principal obra é a macrodrenagem da bacia 
hidrográfica do rio Tucunduba.A 
ocupação da bacia do Tucunduba teve início 
no século XIX, quando a região começou a ser 
explorada. Segundo 
(SILVA,2016,p.103), os antigos terrenos da bacia 
do 
Tucunduba, antes pertencentes à ordens 
religiosas, foram desapropriados por 
ordens políticas e a terra foi doada para 
a Santa Casa de Misericórdia que no ano de 1815, 
estabeleceu um abrigo para 
hansenianos, conhecido como “Hospício dos 
Lázaros do Tucunduba” , tornando a área um lugar 
de exclusão social com baixa 
densidade populacional, pois naquela 
época o tal lugar era distante do centro da 
cidade e assim afastava os doentes 
do convívio social. Além disso, na área 
havia fazendas de gado, carvoarias e hortas de 
moradores isolados. Até o final 
dos anos 1960, a região era pouco 
povoada e servia como um depósito de resíduos 
sólidos. A implantação do Campus 
Pioneiro da UFPA, na porção meridional 
da bacia do Tucunduba, foi um marco histórico na 
área durante a década de 1960 . 
A construção do campus acarretou a 
criação de um novo ambiente com alterações na 
cobertura vegetal da várzea.A implantação de 
infraestrutura, obras de saneamento, drenagem e 
aterramento da área para o 
funcionamento do campus foram suficientes 
para atrair moradores para a região,pois a 
construção da UFPA incentiva a 
povoação na área onde antes era preservada 
.A Bacia do Tucunduba experimentou um processo de 
ocupação intensificado na 
década de 70, que teve início com o 
desmatamento para a construção de palafitas e 
casas de madeira. Com o tempo, a 
população foi aterrando e modificando 
as áreas da bacia, o que resultou em ocupações 
irregulares e impactos negativos 
na população e no meio ambiente. A 
redução da cobertura vegetal é um dos impactos 
mais evidentes, decorrente do 
aumento das ocupações irregulares e da 
intensificação do uso do solo na bacia, abordado 
por (Silva et.al. 2016.p.156).A 
redução da cobertura vegetal é um 
processo comum quando se trata da ocupação de uma 
determinada área, causando 
desequilíbrios ambientais e 
intensificando os processos erosivos, além de 
aumentar a impermeabilização do 
solo, afetando o curso natural das águas 
e degradando as bacias. (Luz et.al.2012). Diante 
disso o presente estudo tem 
como objetivo analisar e discutir a 
geomorfologia e as transformações antropogênicas 
na área de estudo e os impactos 
ambientais que foram gerados. 
 
Material e métodos
A metodologia utilizada para este estudo foi 
baseada em levantamento 
bibliográfico, análise de imagens de satélite do 
MapBiomas, softwares e produção de mapas em 
programas GIS, como o QGIS, e 
visitas ao local de estudo para 
fotografias.O levantamento bibliográfico foi 
realizado com o objetivo de obter 
informações relevantes sobre o tema 
estudado. Foram consultados artigos científicos, 
livros e outras publicações 
relacionadas ao assunto em questão. Essa 
etapa foi fundamental para a compreensão do 
contexto em que se insere o estudo.A 
análise de imagens de satélite do 
MapBiomas foi realizada para avaliar a cobertura 
vegetal e a dinâmica do uso do 
solo na área de estudo. As imagens 
foram processadas utilizando softwares 
específicos, como o Google Earth Engine, 
para a obtenção de dados precisos e 
confiáveis. Essa etapa foi importante para a 
identificação de áreas degradadas e 
para a avaliação da eficácia de 
medidas de conservação ambiental.A produção de 
mapas em programas GIS, como o 
QGIS, foi utilizada para a visualização 
dos resultados obtidos com a análise das imagens 
de satélite. Esses mapas foram 
importantes para a comunicação dos 
resultados e para a identificação de áreas 
prioritárias para a conservação 
ambiental.As visitas ao local de estudo 
para fotografias foram realizadas com o objetivo 
de complementar as informações 
obtidas por meio das imagens de 
satélite. As fotografias foram utilizadas para a 
identificação de elementos que 
não foram captados pelas imagens de 
satélite, como a presença de espécies vegetais 
específicas e a presença de 
animais. Essa etapa foi fundamental para a 
compreensão da dinâmica do ecossistema local.
Em resumo, a metodologia utilizada neste estudo 
foi composta por diversas etapas 
complementares, que permitiram a 
obtenção de dados precisos e confiáveis sobre a 
área de estudo. A combinação de 
levantamento bibliográfico, análise de 
imagens de satélite, produção de mapas em 
programas GIS e visitas ao local de 
estudo para fotografias foi fundamental 
para a avaliação da dinâmica do ecossistema local 
e para a identificação de 
áreas prioritárias para a conservação 
ambiental.   
Resultado e discussão
As visitas de campo permitiram constatar que os 
alagamentos na bacia 
hidrográfica do Tucunduba são recorrentes. 
Moradores relatam que, mesmo com as 
obras de drenagem realizadas pela prefeitura, as 
áreas alagadas não foram 
completamente solucionadas. Além disso, foi 
possível constatar que as margens 
dos rios e igarapés da região estão bastante 
degradadas, com lixo e entulho 
depositados nas margens.Durante uma visita 
realizada em algumas partes da bacia 
hidrográfica do Tucunduba, foi possível constatar 
os vários desafios enfrentados 
pelos moradores da região. Um dos principais 
problemas verificados diz respeito 
à disposição de resíduos sólidos e ao descarte 
irregular de lixo, que acaba 
sendo lançado nas margens dos canais devido à 
topografia plana da região, que é 
diretamente influenciado pelas marés. Essa 
situação tem impacto na saúde da 
população local.
Como mostram as imagens a degradação do e a 
ocupação irregular de imóveis 
proximos as margens de rios e igarapés que ja 
tiveram suas margens com vegetação 
ciliar removidas, isso caracteriza uma perda 
grave da qualidade do solo na área 
de estudo, o solo passa a afundar e causa 
transtornos aos moradores da 
região.,Diante desse cenário, é urgente a adoção 
de medidas para a 
recuperação da bacia hidrográfica do Tucunduba. 
Uma das principais medidas é o 
planejamento adequado do uso do solo, com a 
definição de áreas prioritárias para 
a preservação ambiental e para a construção de 
moradias. Além disso, é 
necessário investir em obras de drenagem e 
saneamento básico, para garantir o 
escoamento adequado das águas pluviais.Outra 
medida importante é a 
conscientização da população sobre a importância 
da preservação ambiental e dos 
rios e igarapés da região. Ações educativas podem 
contribuir para a mudança de 
comportamento dos moradores, que muitas vezes 
descartam lixo e entulho nas 
margens dos rios e igarapés, contribuindo para a 
degradação ambiental. A 
ocupação irregular das margens do rio é uma 
prática comum em diversas regiões do 
país, mas seus impactos ambientais são 
extremamente preocupantes. A falta de 
planejamento urbano, a ausência de fiscalização e 
a falta de consciência 
ambiental das comunidades locais são algumas das 
causas desse problema, na bacia 
do rio Tucunduba, a ocupação irregular das 
margens do rio tem sido uma prática 
comum há décadas. Moradores locais, muitas vezes 
sem opções de moradia 
adequadas, acabam construindo suas casas em áreas 
de preservação permanente, 
como as margens dos rios. Essas construções 
geralmente são realizadas sem nenhum 
tipo de licença ou autorização ambiental, o que 
agrava ainda mais a 
situação.Além disso, a ocupação irregular das 
margens do rio também tem 
impactado diretamente na qualidade da água do rio 
Tucunduba. A falta de 
saneamento básico nessas áreas é uma das 
principais causas da poluição do rio, 
que recebe uma grande quantidade de esgoto 
doméstico e resíduos sólidos.Outro 
impacto ambiental significativo da ocupação 
irregular das margens do rio 
Tucunduba é o assoreamento do leito do rio. As 
construções realizadas nas 
margens do rio contribuem para o acúmulo de 
sedimentos e materiais orgânicos no 
leito do rio, o que prejudica a circulação da 
água e pode levar a inundações e 
deslizamentos de terra durante períodos de chuva 
intensa.Em resumo, a ocupação 
irregular das margens do rio Tucunduba tem gerado 
graves impactos ambientais, 
incluindo a degradação da qualidade da água, o 
assoreamento do leito do rio e a 
perda de biodiversidade. A solução para esse 
problema passa pelo planejamento 
urbano adequado, pela fiscalização das atividades 
realizadas nas áreas de 
preservação permanente e pela conscientização 
ambiental das comunidades locais.
Os alagamentos são um problema frequente na bacia 
do rio Tucunduba, e isso é 
consequência da falta de preservação ambiental da 
região. A ocupação irregular 
das margens do rio, a poluição da água e o 
assoreamento do leito do rio 
contribuem diretamente para o acúmulo de água 
durante períodos de chuva intensa, 
gerando inundações nas áreas próximas ao rio e 
apesar das obras de macrodrenagem 
realizadas na região, os alagamentos continuam 
sendo uma realidade para muitas 
comunidades locais. Isso porque as obras de 
drenagem muitas vezes se concentram 
apenas nas áreas urbanas próximas ao rio, sem 
levar em consideração as causas 
ambientais que contribuem para os alagamentos.A 
falta de preservação ambiental 
da bacia do rio Tucunduba é um problema complexo, 
que requer ações integradas em 
diferentes áreas. Além das obras de drenagem, é 
fundamental investir em 
políticas de conservação ambiental, fiscalização 
da ocupação irregular das 
margens do rio e tratamento adequado do esgoto 
doméstico e industrial.Também é 
necessário fomentar a participação da comunidade 
local na preservação da bacia 
do rio Tucunduba, promovendo ações de 
conscientização ambiental e estimulando a 
adoção de práticas sustentáveis. Somente com 
ações integradas e abordagens 
sistêmicas será possível garantir a preservação 
ambiental da bacia do rio 
Tucunduba e evitar os frequentes alagamentos que 
impactam a vida das pessoas que 
vivem na região. é importante ressaltar que a 
preservação da bacia hidrográfica 
do Tucunduba não é apenas uma questão ambiental, 
mas também social e 
econômica.Haja vista que grande parte da 
população é vulnerável 
socioeconomicamente e não tem as condições 
financeiras necessárias para adequar 
suas moradias e não ficar a mercê do rigoroso 
inverno amazônico, que é um 
período de muitas chuva.
E portanto, a adoção de medidas de preservação e 
recuperação da bacia 
hidrográfica do Tucunduba é fundamental para 
garantir a qualidade de vida da 
população, a proteção do meio ambiente e o 
desenvolvimento econômico da região. 
É necessário que ações sejam tomadas de forma 
integrada, envolvendo governo, 
sociedade civil e empresas, para que sejam 
alcançados resultados efetivos e 
duradouros.Nesse sentido, é importante que o 
poder público assuma sua 
responsabilidade na proteção e recuperação da 
bacia hidrográfica do Tucunduba, 
por meio de políticas públicas e investimentos 
adequados. Além disso, a 
sociedade civil também deve se mobilizar, 
cobrando ações efetivas e contribuindo 
para a conscientização da população sobre a 
importância da preservação 
ambiental. 

mapa de localização da área de estudo

MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO USO DO SOLO INDICANDO A URBANIZAÇÃO DA ÁREA

A IMAGEM É DE UM AFUNDAMENTO DO CANAL E ACÚMULO DE RESÍDUOS SÓLIDOS A BEIRA DE UM CANAL DA BACIA DO TUCUNDUBA
Considerações Finais
Em conclusão, a bacia do rio Tucunduba é um exemplo concreto dos impactos 
socioambientais gerados pela ocupação irregular e a falta de preservação 
ambiental em áreas urbanas. A ocupação irregular das margens do rio, a falta de 
saneamento básico, a poluição da água e o assoreamento do leito do rio são 
apenas alguns dos problemas que afetam a região.
Além disso, a derrubada da vegetação nativa também é uma causa significativa da 
degradação ambiental da bacia do rio Tucunduba. A falta de cobertura vegetal 
contribui para o aumento da erosão do solo, a diminuição da infiltração da água 
e a perda de biodiversidade.
A ocupação irregular e o espaço de exclusão social da área ao longo dos anos 
foram algumas das principais causas desses problemas. A ausência de políticas 
públicas que garantam o direito à moradia adequada e a falta de fiscalização das 
atividades realizadas nas áreas de preservação permanente contribuíram para o 
agravamento da situação.
A adoção de práticas sustentáveis, como o uso de tecnologias limpas e a 
recuperação de áreas degradadas, também é essencial para garantir a 
sustentabilidade socioambiental da região. Portanto, é preciso adotar uma 
abordagem integrada e holística para enfrentar os desafios socioambientais da 
bacia do rio Tucunduba, garantindo a conservação do patrimônio natural e a 
promoção do desenvolvimento sustentável da região.
 
Agradecimentos
Referências
ALMEIDA, Fabíola Magalhães; MATTA, Milton Antonio da Silva; DIAS, Erika Regina França; BANDEIRA, Iris Celeste Nascimento; DO PRADO, Joyce Brabo; DE FIGUEIREDO, Andi Batista. ESTUDOS HIDROGEOLÓGICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO TUCUNDUBA-BELÉM/PA, COMO BASE PARA UMA PROPOSTA ALTERNATIVA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. XIII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas , Cuiabá, 2004.
SILVA, Christian Nunes da et al. Belém dos 400 anos: análises geográficas e impactos antropogênicos na cidade, f. 158. 2016. 316 p.
GOVERNO do Estado entrega trechos do Projeto de Macrodrenagem do Canal do Tucunduba, em Belém. Belém PA: Agência Pará, 12 jan. 2021. Disponível em: https://agenciapara.com.br/noticia/24355/. Acesso em: 9 jul. 2021.re
LUZ, L. M. et al. Estudo geomorfológico em bacias urbanas: uma análise da Bacia do Tucunduba, Belém-PA. In: SIMPOSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA, 9., Rio de Janeiro, 2012. Anais... Rio de Janeiro: UGB, 2012.








 









 