Autores
- VANESSA DA SILVA LEITEUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO(UNEMAT)Email: vanessa.leite@unemat.br
 - ALFREDO ZENÉN DOMINGUEZ GONZALEZUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO(UNEMAT)Email: alfredozdg@unemat.br
 - LEILA NALIS PAIVA DA SILVA ANDRADEUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO(UNEMAT)Email: leilaandrade@unemat.br
 - GUSTAVO ROBERTO DOS SANTOS LEANDROUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO(UNEMAT)Email: leandro@unemat.br
 - WILLIAN EDUARDO SOUSA DOS SANTOSUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO(UNEMAT)Email: willian.santos2@unemat.br
 - FABIO JUNIOR DO ESPIRITO SANTO ANDRADEUNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO(UNEMAT)Email: fabio_jr.andrade@hotmail.com
 
Resumo
O trabalho teve como objetivo quantificar a hidrodinâmica (largura, profundidade 
e velocidade) e os sedimentos de fundo e em suspensão no córrego do André, 
perímetro urbano de Mirassol D’ Oeste, Mato Grosso. Como procedimentos 
metodológicos foram utilizados: levantamento bibliográfico e confecção do mapa 
de localização. Em campo foi realizada a observação da área; a mensuração da 
batimetria (largura, profundidade e velocidade) para o cálculo de vazão. 
Coletou-se ainda em campo sedimentos de fundo e em suspensão. As amostras 
coletadas foram analisadas em laboratório pelo método de peneiramento e 
evaporação. Os resultados mostram a interferência antrópica no córrego com 
construções de residências, comércios e indústrias. Na área a montante os tipos 
de sedimentos de fundo com granulometria grossa estão sendo influenciados 
especialmente pelo escoamento superficial das vertentes, interferindo na 
dinâmica fluvial dessa unidade de análise. 
Palavras chaves
Intervenções indiretas; Canal Urbanizado; Aporte de sedimentos; Hidrodinâmica; Mapeamento
Introdução
“A bacia hidrográfica corresponde a uma unidade natural, ou seja, uma 
determinada área da superfície terrestre, cujo limites são criados pelo próprio 
escoamento das águas superfície, ao longo do tempo” (BRIGANTE e ESPÍNDOLA, 2003, 
p. 1).
Entretanto, as rede de drenagem têm sido alvo de perturbações antropogênicas a 
muito tempo, desde as primeiras civilizações, bem como na atualidade para 
diversos fins como dessedentação de animais, abastecimento doméstico e 
industrial, navegação e outros (BOTELHO, 2011).
Com a urbanização várias mudanças ocorrem nas vertentes, como construção de 
casas, calçadas, ruas e consequentemente interferindo diretamente na 
impermeabilização do solo e aumento a carga sedimentar nos leitos dos rios ou 
córregos urbanos (TUCCI, 1995; GUERRA e MARÇAL, 2015).
	Dessa forma, a carga sedimentar em drenagem urbana pode ser oriunda dos 
ambientes naturais ou antropogênicos. A urbanização contribui com as mudanças 
nas margens (remobilização e limpeza), construções, ruas e outras causas (TUCCI, 
2003 apud POLETO e LAURENTI, 2008). “Portanto, associados ao crescimento urbano, 
os rios têm sido transformados, perdendo suas características naturais” (VIEIRA 
e CUNHA, 2011, p. 111).
De acordo com Carlino (2023, p; 62) “os córregos urbanos estão se tornando em 
algumas localidades, depósitos de lixo e esgoto”. Qualquer mudança modifica a 
sua dinâmica. Nesse contexto, torna-se essencial estudos relacionados as essas 
unidades de análise, pois as pessoas tem que  “entender que os córregos são 
sensíveis a qualquer ação humana”. 
	Sendo assim, o trabalho teve como objetivo quantificar a hidrodinâmica 
(largura, profundidade e velocidade) e os sedimentos de fundo e em suspensão no 
córrego do André, perímetro urbano de Mirassol D’ Oeste, Mato Grosso.
Material e métodos
2.1 área de estudo 
O córrego André localiza-se no município de Mirassol D’Oeste a sudoeste do 
estado Mato Grosso, entre as coordenadas geográficas 15° 39’ 30’ a 15° 42’ 15” 
de latitude Sul e 58° 4’ 15’ a 58° 6’ 45” de longitude Oeste a 297 km de Cuiabá, 
capital do estado. Trata-se de um canal fluvial com 4 km de extensão, sendo que, 
1.433 m encontra-se canalizado (Figura 1). 
Procedimentos metodológicos
Trabalho de Gabinete
 Foi realizada a revisão da literatura referente a temática em livros, artigos 
científicos e dentre outros documentos (GIL, 2011).
Para elaboração do mapa de localização foi utilizado o sistema de informações 
Geográfico ArcGis 10.8, configurado para projeção cilíndrica equidistante sobre 
o datum SIRGAS 2000, utilizando as fontes vetoriais disponíveis no sítio 
eletrônico do Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, portal 
Geociências, com atualização datada em 2021.
Depois do campo, foi calculada a velocidade da corrente medida em (m/s) pela 
distância percorrida adotando a equação 1 por Cunha (1996).
V= D / T
Onde: V= velocidade, D= distância e T= tempo
Para calcular a área na seção transversal no nível de margens plenas e áreas da 
seção molhada foi adotada a equação 2 de Cunha (1996).
A= L x P.
Onde: A= área de seção, L= largura do canal e P= profundidade média 
Para obter o cálculo da vazão foi utilizada a equação 3 adotada por Cunha 
(1996): 
Q= V x A
Onde: Q= vazão, V= velocidade das águas e A= área.
Trabalho de Campo 
Para melhor quantificar os aspectos da rede de drenagem o córrego do André foi 
dividido em 4 (quatro) seções em março de 2023. As seções foram selecionadas 
desde área de nascente até a saída do perímetro urbano. Os critérios para 
escolha dos locais de coleta levaram em consideração o uso e ocupação do solo 
urbano e diversidade das paisagens. Para determinação de suas coordenadas foi 
utilizado o aparelho GPS Garmin.
Quantificação das variáveis hidrodinâmicas e sedimentos (fundo e suspensão)
Para quantificação da hidrodinâmica baseou-se nos trabalhos realizados nos rios 
do estado de Mato Grosso, como Leandro (2015), Rizzato (2017), Silva (2018), 
Padilha (2017) Silva (2018) Andrade (2018). Para mensurar a largura e 
profundidade do canal na seção transversal foi utilizada trena de 20 m. Para o 
cálculo da velocidade foi utilizado flutuadores e cronômetros na distância de        
10 m. Foram mensuradas 3 (três) velocidades para a média. 
          As amostras de fundo foram coletadas com auxílio de pá plástica e 
armazenadas em sacolas plásticas de 1 kg e etiquetadas com dados sobre a 
localização para posterior análise. A carga suspensa foi coletada pelo método 
tradicional. O processo de coleta consisti em primeiro lugar esterilizar o 
recipiente com a própria água do rio por 2 (duas) vezes e posteriormente 
armazená-las em temperatura ambiente em caixa térmica com gelo até o início das 
análises (máximo de 24 horas após coleta) (BÜHLER e SOUZA, 2012; ANDRADE, 2019).
Análise em Laboratório
          Para fracionamento do material de fundo (areia, silte e argila) foi 
utilizado o método de peneiramento (CARVALHO, 1994). Para determinação dos 
materiais em suspensão foi utilizado o método de evaporação (LELI et al., 2010).
As análises serão realizadas no Laboratório de Pesquisas e Estudos em 
Geomorfologia Fluvial (LAPEGEOF) “Sandra Baptista da Cunha” na Universidade do 
Estado de Mato Grosso/Campus de Cáceres.
Resultado e discussão
Pontos observados e hidrossedimentologia 
O processo de ocupação do município de Mirassol D’ Oeste está voltado a ocupação 
do estado de Mato Grosso pelo incentivo do governo federal por volta da década 
de 50 e “intensificaram-se, modificando a paisagem natural a partir dos nos 70, 
devido a programas de incentivo à ocupação promovida pelos governos federal e 
estadual nas terras que até então eram devolutas” (BARROS e SOUZA, 2013, p. 56).
A urbanização foi se desenvolvendo e ocupando as margens dos córregos urbanos, 
dentre ele o córrego do André. De acordo com Barros e Souza (2013, p. 57) “o 
córrego André é um tributário de 1ª ordem do rio São Francisco, que deságua no 
ribeirão Caeté, um dos principais afluentes do rio Jauru que aflui no rio 
Paraguai”.
A primeira seção observada no córrego André está localizada entre as coordenadas 
geográficas 15° 40’ 44.0” sul e 58°04’58.1’’ oeste. A área corresponde a campo 
de pastagens, agricultura, residências e comércios com pouca vegetação. 
Registrou resíduos sólidos de origem doméstica nas margens (Figura 2). 
Na hidrodinâmica pode-se mensurar a largura de 4,10 m, profundidade média de 
0,12 m e velocidade de 0,37 m/s.  Essa seção a área é de 0,49 m² e vazão de 0,18 
m³/s-1. Em relação aos sedimentos de fundo registrou 10,75% de seixos, 22,08% de 
grânulos. Enquanto a somatória da composição das areias correspondeu a 66,49% e 
2,58% de silte + argila. Quantificou 234,8 mg/L de sedimentos suspensos. Essas 
quantidades registradas estão relacionadas ao escoamento superficial das 
vertentes, pois sem vegetação a infiltração é menor, aumentando o transporte de 
materiais até os leitos (Tabela 1). 
Santana (2017, p. 97) ao estudar um córrego urbano em Cáceres no estado de Mato 
Grosso associou maiores concentrações de sedimentos suspensos “aos materiais 
oriundos das margens, com solo exposto, e ao arruamento (paralelo ao canal) sem 
asfaltamento”.
A segunda seção transversal está localizada nas coordenadas geográficas 
15°40’49.7’’ e 58°04’58.1’’. Nesse local, verificou-se alterações antrópicas com 
residências próximo as margens e a presença de ponte de madeira. Registrou ainda 
resíduos sólidos de origem doméstica (esgoto e lixo) (Figura 2). 
Na segunda seção transversal a hidrodinâmica apresentou a largura de 5,12 m, 
profundidade média de 0,45 m, velocidade 0,64 m/s, área de 2,30 m² e com a vazão 
de 1,47 m³/s-1. E registrou 224,73 mg/L de concentração de sedimentos em 
suspensão. Enquanto, os materiais de fundo registraram 32,86% de seixos, 25,89% 
grânulos. A areia muito grossa e grossa apresentou 25,34%, areia média 5,48%, 
areia fina e muito fina somou 9,11% e 1,57% de silte + argila. Nesse ponto, a 
velocidade está tendo competência para hidrotransportar os materiais de 
granulometria maior, principalmente no período chuvoso. Esses materiais podem 
ser deslizados, rolados ou transportados em saltação, bem como receber essa 
carga sedimentar pelo escoamento superficial das vertentes pelo fato de as ruas 
não serem pavimentadas (CHRISTOFOLETTI, 1980) (Tabela 1).
A terceira seção está localizada nas coordenadas de 15º 41’ 03.1” latitude sul e 
58º 04’ 58.1” longitude oeste. Observou nessa seção ponte de concreto e sistemas 
de galeria. As atividades estão voltadas para pastagem, plantio de subsistência 
e residências, contribuindo com as alterações nas margens (Figura 2). 
Ainda apresentou na terceira seção a largura de 3,90 m, com profundidade média 
de 0,12 m e velocidade 0,94 m/s-1. Assim, a área corresponde a 0,46 m² e vazão 
de 0,43 m³/s-1. Na hidrossedimentologia registrou 175,8 mg/L de sedimentos 
suspensos. E materiais de fundo 20,75% de seixos, 31,10% grânulos, a variação de 
valores entre areias e 0,52% silte + argila. Sendo assim, essa seção também tem 
competência para transportes de sedimentos grossos no fundo do canal. A presença 
desses materiais pode ser das áreas a montante, bem como das vertentes pelo 
escoamento superficial (Tabela 1). 
Na quarta seção localizada nas coordenadas geográficas 15º 41’ 02.4” latitude 
sul e 58º 05’ 44.2” longitude oeste. Registrou vegetação parcial e atividades de 
origem industrial/urbana. Nessa seção o canal do córrego do André é canalizado, 
aberto, retilinizado e cimentado. Observou manilha na margem esquerda para 
escoamento do afluente de 1ª ordem. A hidrodinâmica apresentou profundidade 
média de 0,03 m e largura de 3,8 m da lâmina d’água, sem registro de velocidade. 
Essa seção por ser canalizada não apresentou materiais granulométricas de fundo, 
mas registrou 43,69 mg/L de sedimentos em suspensão. Esse valor se justifica 
principalmente o fundo do canal está cimentado e a montante com a canalização, 
os sedimentos ficam retidos (Figura 2).  
	Carlino (2023, p. 66) ao estudar o córrego da Saúde no perímetro urbano 
no estado de Mato Grosso também verificou que as obras de engenharia implicaram 
diretamente na fisiografia e dinâmica de equilíbrio

Mapa de localização da área de estudo

Figura 2. Seções transversais analisadas no córrego do André no município de Mirassol D’ Oeste – Mato Grosso.

Tabela 1. Hidrossedimentologia no córrego André, março de 2023
Considerações Finais
O córrego do André apresentou mudanças de ordem fisiográfica e hidrodinâmica 
centrada no uso e ocupação do solo urbano, onde mostra a interferência antrópicas 
das residências, indústrias, desmatamento e canalização e diversos fins de 
degradação.  Essa unidade de análise tem sido alvo dessas perturbações 
antropogênicas que implicam diretamente na sua dinâmica fluvial.
Agradecimentos
Fundação de amparo á pesquisa do Estado de Mato Grosso- FAPEMAT 
Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT
Referências
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BOTELHO, R. G. M. Bacias hidrográficas urbanas. In: GUERRA, A. J. T (orgs.). Geomorfologia urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
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LELI, I. T.; STEVAUX, J. C.; NÓBREGA, M. T. Produção e transporte da carga suspensa fluvial: teoria e método para rios de médio porte. Boletim de Geografia. v. 28, n. 1, p. 43-58. 2010.
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