Autores
- ARIANY GOMES PENAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: arianygomespena@yahoo.com
 - ALICE MORAIS DE FREITASIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: alicefreitas.morais@gmail.com
 - LUCAS HENRIQUE LACERDAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: luccaslacerda2606@gmail.com
 - MAYSA BARROS FERREIRA BEZERRAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: maysa.fbarros@gmail.com
 - CECÍLIA FÉLIX ANDRADE SILVAIFMG-CAMPUS OURO PRETOEmail: cecilia.andrade@ifmg.edu.br
 
Resumo
Este artigo discute o uso de novas tecnologias no ensino de Geomorfologia na sede 
de Ouro Preto — MG. Os autores descrevem o desenvolvimento do tutorial para traçar 
o perfil topográfico e ilustrando a morfologia e morfometria das vertentes 
existentes na configuração espacial utilizando o Google Earth. Os alunos puderam 
visualizar e compreender a relação da morfometria e morfologia das vertentes e a 
relação com os movimentos de massa no município. Destaca-se o potencial das novas 
tecnologias no ensino e aprendizagem na geomorfologia e sugerem que as mesmas 
possam ajudar a desenvolver métodos de ensino mais eficazes.
Palavras chaves
Ensino-aprendizagem; Movimentos de massa; morfologia ; morfometria; vertente
Introdução
 As novas tecnologias proporcionam um cenário de dispersão de informações e 
conhecimentos para inúmeros lugares e um impressionante número de pessoas em 
pouco tempo. Nos últimos anos, durante a pandemia da Covid-19 permitiu 
evidenciar que precisa-se estar em constante desenvolvimento nos meios de ensino 
e no que tange a se adaptar às novas rotinas que podem mudar em um curto espaço 
de tempo e de forma inesperada. As áreas profissionais e educacionais, esteve de 
frente a um grande desafio, no momento em que o isolamento social era 
determinante para a segurança de docentes e discentes. Desta forma, o termo 
ensino-remoto se destacou de forma significante, ainda que pudesse existir 
diversos empecilhos. Portanto, a tecnologia também pôde auxiliar, permitindo 
desenvolver métodos mais atrativos para o ensino. 
 Ainda nesse cenário, mas agora de forma presencial, seria possível uma nova 
abordagem com uso das inovações tecnológicas do século XXI, oferecendo aos 
alunos e os professores novos métodos de ensino e com diferentes linguagens, 
que, se tratando do campo geográfico, se tornam imprescindíveis. Essa inovação 
no uso das linguagens é uma forma em que se pode chegar em um enriquecimento das 
aulas de Geografia, facilitando o melhor entendimento do sujeito na vivência e o 
meio no qual ele vive (PONTUSCHKA et. al., 2007).
 A juventude está cada vez mais imersa nos aparelhos tecnológicos e a educação 
precisa acompanhar essa evolução. O computador é uma ferramenta perfeita para a 
aplicabilidade de atividades no ensino em geral. Há diversas ferramentas 
disponíveis com ajuda da internet que são capazes de introduzir o aluno muito 
mais do que apenas no ensino padrão. O uso de signos é de extrema importância no 
contexto em que se estuda, é comprovado cientificamente que recorrer à mediação 
por vários tipos de signo para melhorar as possibilidades de armazenamento de 
informações, é definitivo (VYGOTSKY et al., 1989).
 Nesse contexto o software Google Earth, que além de ser gratuito possui 
linguagem simples e de fácil acesso para os alunos. Contudo, é possível 
trabalhar com vários aspectos da geomorfologia, em diferentes escalas espaciais 
e temporais. Porém, neste trabalho será utilizado a microescala, trazendo de 
forma sucinta a morfologia e morfometria das vertentes que configuram a paisagem 
de Ouro Preto – MG, na relação com os movimentos de massa.
 Assim, o objetivo deste trabalho foi proporcionar aos alunos compreensão das 
vertentes existentes na sede do município de Ouro Preto – MG através do programa 
Google Earth.
Material e métodos
A geomorfologia da cidade de Ouro Preto, 90 km da capital Belo Horizonte, se 
explica pela mesma ser encontrada em um vale, tendo como limite norte a Serra de 
Ouro Preto e ao sul a Serra do Itacolomi. Já que a Serra de Ouro Preto está 
situada no flanco sul do Anticlinal de Mariana que litologicamente está 
envolvida no Quadrilátero Ferrífero, essa estrutura regional orienta-se na 
direção leste-oeste, possuindo camadas com mergulhos gerais para o sul, na ordem 
de 30º  (SOBREIRA e FONSECA, 2001).
A morfologia local caracteriza-se por altas montanhas de desenvolvimento linear, 
áreas aplainadas com altitudes diversas e vales alongados, muitas vezes bem 
encaixados. Cerca de 40% da área urbana exibe feições com declividades entre 20 
a 45% e apenas 30% com declividades entre 5 e 20%. Zonas escarpadas são comuns 
em toda a área urbana (GOMES et. al., 1998).  O relevo é acidentado com 
vertentes bem íngremes e vales profundos e encaixados. As altitudes estão em 
torno de 1.060m nas partes mais baixas e 1.400m no topo da Serra de Ouro Preto. 
A malha urbana estende-se ocupando tanto o vale principal, como as vertentes e 
contrafortes das serras que o delimitam.(GOMES et. al.,1998)
A geologia do local apresenta rochas pertencentes a três grandes unidades 
metasedimentares: Supergrupo Rio das Velhas (Grupo Nova Lima), Supergrupo Minas 
e Grupo Itacolomi (que é o predominante na área urbana da cidade) (MICHELLE, 
2006). 
Para a abordagem da temática, foi fornecido para os alunos do primeiro ano 
ensino médio técnico integrado de Automação, o tutorial de como traçar um perfil 
topográfico. Cada aluno escolheria dois bairros e selecionava uma vertente, em 
cada bairro, para traçar os dois perfis topográficos. Segundo CASTRO (2006), os 
bairros que possuem alto risco são: Piedade, Alto da Cruz, São Francisco, São  
Cristóvão e Santa Cruz.
Após traçarem demonstrariam como era composto a morfologia da vertente, 
explicando suas porções curvilíneas (côncavos – acumuladores de água e convexos 
- dispersores de água) e porções retilíneas: segmentos onde não há variabilidade 
no ângulo de inclinação.
Para a morfometria foram obtidos os perfis topográficos, que contribuíram para 
que os mesmos tivessem uma melhor percepção do terreno em diferentes pontos de 
vista (visão de topo e oblíqua), dados de superfície e de onde se localiza o 
leito (CARVALHO et al., 2014). A execução da atividade foi realizada no 
Laboratório de Geoprocessamento do Curso de Licenciatura em Geografia do IFMG – 
campus Ouro Preto. 
Resultado e discussão
Diante da atividade executada os alunos puderam visualizar e compreender a 
relação da morfometria e morfologia das vertentes que proporcionam os movimentos 
de massa no município. Como também a expansão urbana sem planejamento urbano 
torna-se um elemento alarmante na configuração da paisagem de Ouro Preto.
Como alguns discentes são de outros municípios, a exemplo do município de 
Mariana, a 20 km de Ouro Preto, apresentam as mesmas condições geológicas e 
geomorfológicas que solicitaram a execução da atividade em seus bairros. A 
exemplo da discente, nas figuras 1 e 2, onde a mesma se baseou na sua vivência 
individual enquanto moradora do distrito de Monsenhor Horta pertencente ao 
município de Mariana, o qual já sofreu movimentos de massa anteriormente, onde o 
mesmo deixou alunos do distrito sem professores, por falta de passagem 
(ESPETO,2020). Sendo possível considerar a importância do método apresentado, 
tendo em vista que, a aluna vinculou sua experiência somada a geomorfologia do 
local à compreensão da ação dos movimentos de massa.
Figura 01: Execução da atividade da aluna moradora do distrito de Monsenhor 
Horta, município de Mariana - MG
 
Figura 02: Perfil de elevação obtido
 
Ao analisar o perfil de elevação que a estudante traçou, pode-se observar que a  
vertente apresenta um segmento muito acentuado, devido ao relevo daquele local. 
Neste estudo de caso específico a altura da vertente apresenta 733 m, e o 
comprimento  132 m. A mesma compreendeu que a morfologia e morfometria da 
vertente analisada pode vir a ocorrer esses movimentos de massa. 
Estudar as dinâmicas das vertentes e os perigos que circundam sua existência é 
de estudo da Geografia Física, especialmente da Geomorfologia. Uma das áreas que 
têm importância para a percepção de riscos é a morfologia que auxilia na melhor 
compreensão das formas geométricas do relevo, como a extensão, largura, altura, 
comprimento, desnivelamento e declividade (AFONSO et al., 2014)

Figura 01: Execução da atividade da aluna moradora do distrito de Monsenhor Horta, município de Mariana - MG

Perfil de elevação obtido
Considerações Finais
Mediante ao trabalho exposto, pode-se confirmar a importância do uso de 
geotecnologias para o ensino-aprendizagem, como também de trazer exemplos que 
interagem com a vivência dos estudantes, pois quando o assunto passa a se encaixar 
no cotidiano os mesmo conseguem ter mais atenção e interação com o tema. Percebe-
se  um maior  interesse dos alunos, tirando dúvidas e realizando a atividade 
proposta, além de manusear  o programa e observando as diversas funcionalidades 
que o Google Earth oferece. Evidencia-se assim que a utilização de meios 
tecnológicos para o ensino, em especial o ensino em geomorfologia contribui para o 
melhor entendimento, desenvolvimento e interação  dos alunos com o professor 
dentro da sala de aula.
Agradecimentos
Referências
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