Autores
- MIGUEL FELIPPEUFJFEmail: miguel.felippe@ich.ufjf.br
 - JOSÉ ALMEIDA NETOUSPEmail: almeida.jose@usp.br
 
Resumo
O débito fluvial, do ponto de vista 
hidrológico, pode ser derivado do 
escoamento superficial e do escoamento 
de base e, por isso está diretamente 
relacionado às condições climáticas, 
hidrogeológicas e geomorfológicas de uma 
bacia hidrográfica. Em cabeceiras de 
drenagem espera-se que as contribuições 
subterrâneas sejam mais representativas, 
uma vez que a área a montante, capaz de 
acumular o escoamento superficial é 
comparativamente menor do que em canais 
hierarquicamente superiores. Todavia, os 
mecanismos que controlam a produção do 
fluxo hidrológico em canais de baixa 
ordem são pouco conhecidos e 
extremamente 
dependentes de fatores locais. Buscando 
clarificar essas lacunas, este trabalho 
analisa estatisticamente a vazão de 
canais de baixa ordem e suas áreas de 
contribuição em cabeceiras de drenagem 
da Serra da Mantiqueira. Os resultados 
reforçam a importância de fatores locais 
sobre os regionais e comprovam a 
complexidade da produção do escoamento 
em cabeceiras. 
Palavras chaves
Nascentes; Canais de 1ª ordem; Bacias de ordem zero; Hidrogeomorfologia; Débito
Introdução
A água presente nos sistemas fluviais é 
extremamente variável (quantitativamente 
e qualitativamente) no tempo e no 
espaço. A depender do regime fluvial, a 
sazonalidade climática cumpre um papel 
fundamental na temporalidade dos 
débitos, 
uma vez que a água meteórica é um dos 
principais inputs de matéria (CHORLEY, 
2019). Soma-se a isso, as contribuições 
subsuperficiais e subterrâneas, que 
estão fortemente relacionadas às 
características geológicas e pedológicas 
na 
transmissão e armazenamento de água 
(MILLER et al., 2016). É a articulação 
desses diversos fluxos ao longo do tempo 
que definirá a vazão dos hidrossistemas 
que estão incorporados em uma rede 
hidrográfica.
De acordo com Charlton (2007), quatro 
são os principais fluxos que alimentam o 
sistema fluvial: i) escoamento 
superficial hortoniano – fluxo 
relacionado à água 
meteórica que excede a capacidade de 
infiltração do solo; ii) escoamento 
subsuperficial – associado à 
movimentação lateral da água na zona 
insaturada do 
solo; iii) escoamento subterrâneo (de 
base) – fluxo lento e de grande 
estabilidade associado a 
transmissividade dos aquíferos; iv) 
escoamento de 
saturação – gerado pela exfiltração da 
água em solos encharcados. A combinação 
desses fluxos na produção hídrica do 
sistema fluvial é bastante complexa e 
fundamentalmente dependente dos eventos 
de chuva.
De um modo geral, pode-se afirmar que um 
sistema fluvial inicia seu débito pelas 
nascentes, que são fundamentalmente 
dependentes do escoamento de base e do 
escoamento de saturação (FELIPPE et al., 
2022). Conforme o fluxo se torna 
eminentemente fluvial, vai ganhando 
contribuições dos demais tipos de 
escoamento 
a partir da ação direta e indireta das 
águas meteóricas. Assim, em teoria, 
conforme aumenta a hierarquia fluvial, 
aumenta também a bacia de contribuição 
de 
uma rede hidrográfica e, 
consequentemente, aumenta sua vazão 
(CHAVES et al., 
2002).
As cabeceiras de drenagem são elementos 
do relevo de funcionalidade transicional 
entre os processos de vertente e os 
processos fluviais (BENDA et al., 2005). 
Nesse aspecto, sua estrutura é composta 
por elementos morfológicos que se 
iniciam nos interflúvios da bacia, 
passam por vertentes eluviais muitas 
vezes 
declivosas que gradualmente são 
dominadas por segmentos côncavos 
proporcionando 
um eixo central suave, coluvial e de 
acumulação de água. Normalmente, esses 
ambientes abrigam nascentes que promovem 
o início da drenagem fluvial, muitas 
vezes de modo difuso e caótico até que 
haja energia suficiente para 
concentração 
do fluxo e organização de um canal 
fluvial (GOMI et al., 2002; BENDA et. 
al., 
2005; FELIPPE et al., 2022).
Por ser um ambiente transicional, a 
produção hídrica em cabeceiras é 
complexa e 
pouco conhecida, sendo que os principais 
estudos se debruçam sobre mensurações e 
modelagens de casos específicos. De 
forma geral, o que se defende é que o 
escoamento fluvial nas cabeceiras é 
profundamente dependente do escoamento 
de 
base e possui rápida resposta aos 
eventos de chuva (WINTER, 2007). É 
justamente 
nessa lacuna que se encaixa este 
trabalho.
A partir do monitoramento das vazões do 
sistema fluvial de cinco cabeceiras de 
drenagem em duas localidades distintas 
no contexto da Serra da Mantiqueira, 
esse 
trabalho busca analisar a variabilidade 
espacial das vazões nas cabeceiras de 
drenagem e sua relação com a hierarquia 
fluvial. Ambas as localidades estudadas 
possuem características geológico-
geomorfológicas e climatológicas 
similares, de 
modo a possibilitar comparações. 
Material e métodos
O presente estudo de caso vale-se 
majoritariamente de dados primários 
coletados 
em campanhas de campo ocorridas em um 
ano hidrológico, entre junho de 2018 e 
março de 2019. Duas áreas de estudo 
concernentes ao contexto da Serra da 
Mantiqueira Meridional (IBGE, 2006) 
foram escolhidas, sendo ambas 
encontradas no 
contexto do Rift Continental do Sudeste 
do Brasil (RICCOMINI, 1989), embasadas 
por litologias gnáissicas do Complexo 
Juiz de Fora (CPRM; CODEMIG, 2014), 
distantes 20 Km 
em linha reta entre si. A primeira área 
(chamada aqui de Mantiqueira) localiza-
se no município de Juiz de Fora - MG, 
próxima à transição para o Planalto do 
Campo das Vertentes (IBGE, 2006), A 
segunda área (chamada aqui de Paraíba do 
Sul), está localizada na transição para 
a Depressão do Paraíba do Sul (IBGE, 
2006), município de Simão Pereira-MG. 
A distribuição dos elementos macro e 
meso climáticos e os fatores geográficos 
de 
formação do clima entre as áreas de 
estudo são homogêneos, e apresentam uma 
clara sazonalidade no balanço de 
radiação e precipitação, composta por: 
i) 
verões mais quentes, chuvosos e 
irradiados e; ii) invernos mais frios, 
secos e 
menos irradiados (OLIVEIRA, 2016). As 
áreas sofrem grande influência da 
maritimidade, o que permite que as 
massas de ar ainda  carreguem uma grande 
quantidade de umidade. O acumulado da 
precipitação anual de acordo com a 
normal 
climatológica é de 1.536 mm.
As vazões foram mensuradas por técnica 
expedita com o recolhimento da água em 
sacos plásticos com a mensuração do 
tempo e do volume coletado. Os 
procedimentos 
foram realizados em triplicata. 31 
pontos de amostragem foram distribuídos 
hierarquicamente em nascentes, canais de 
primeira ordem e canais de segunda 
ordem. Duas cabeceiras de drenagem, com 
três microbacias compostas por duas 
nascentes e seus respectivos canais de 
primeira ordem foram monitoradas na área 
da Mantiqueira, totalizando 8 pontos. Na 
área do Paraíba do Sul, três cabeceiras 
foram monitoradas, com três nascentes e 
seus respectivos canais de primeira 
ordem em cada; além disso, cinco pontos 
em canais de segunda ordem no exutório 
das cabeceiras foram incorporados. O 
desenho da malha hidrográfica e suas 
respectivas áreas de contribuição são 
apresentados na FIGURA 1.
Munidos de Modelos Digitais de Terreno 
obtidos em imagens SRTM/USGS com pixel 
de 
30 metros, com o apoio do Software 
Google Earth e marcações de validação em 
campo, as bacias de contribuição de cada 
ponto de amostragem foram mapeadas para 
extração da área de contribuição a 
montante. O processamento dos dados 
ocorreu 
no software ArcGIS 10.2 ERSI®.
Os dados de vazão foram organizados a 
partir dos valores obtidos sazonalmente 
em 
concordância com o período do balanço 
hídrico em que foram coletados (máximo, 
recessão, mínimo, ascensão). Foi 
calculada a média das quatro campanhas 
para 
representar a vazão média anual (L/s). 
Ademais, a vazão foi ponderada pela área 
de contribuição para o cálculo da vazão 
específica (L/s/Km2). O banco de dados 
foi tratado no software Microsoft Excel 
365, para realização de análise 
estatística descritiva e análise de 
regressão linear.
Resultado e discussão
As vazões médias anuais encontradas em 
nascentes e canais de baixa ordem nas 
cabeceiras estudadas são regularmente 
baixas, oscilando entre 0,001 e 0,238 
L/s, sendo que 86% das amostras 
apresentam vazões médias abaixo de 
0,1L/s. Os hidrossistemas da área da 
Mantiqueira possuem vazões maiores do 
que as do Paraíba do Sul, por outro 
lado, há mais variabilidade nas amostras 
do Mantiqueira, com desvio padrão de 
0,06 e assimetria de 1,7, contra 0,01 e 
0,05 respectivamente no Paraíba do Sul 
(ambos os valores extremos, máximos e 
mínimos, encontram-se majoritariamente 
na área da Mantiqueira). Isso pode ser 
explicado pelo fato de cinco das 
cabeceiras estudadas na Mantiqueira 
possuírem canais de 2ª ordem, enquanto 
todas do Paraíba do Sul serem de 1ª 
ordem, exigindo uma reflexão acerca da 
hierarquia fluvial.
A FIGURA 2A ilustra que as cabeceiras do 
Paraíba do Sul os pontos amostrais 
possuem médias anuais mais próximas e 
maior agrupamento dos dados sazonais. Já 
na Mantiqueira, quatro cabeceiras são 
marcadas por baixas vazões (tanto 
sazonais, quanto anuais), o que gera a 
assimetria estatística encontrada. A 
intermitência dos hidrossistemas é maior 
nesta área, contando 12 pontos 
amostrais sem drenança em pelo menos uma 
campanha. 
Apesar da análise de regressão não ter 
encontrado relação tácita entre a 
hierarquia fluvial e as vazões médias 
anuais (R²=0,25 e Fsig=0,002) conforme 
relata a literatura clássica, o y 
previsto é razoavelmente ajustado ao y 
real 
para dados de médio e altos valores, 
sendo os pontos de baixa vazão os 
responsáveis por definir o baixo valor 
de R². A estatística descritiva permite 
aprofundar essas reflexões acerca da 
variabilidade das vazões ao longo da 
rede 
de drenagem.
As 13 nascentes estudadas são todas 
enquadradas na 7ª e 8ª magnitude na 
escala 
de Meinzer (1927). A vazão média anual é 
de 0,021 L/s (desvio padrão = 0,01). Os 
canais de 1ª ordem têm, em média anual, 
o dobro da vazão das nascentes (0,04 
L/s) o que mostra que a contribuição do 
escoamento de base é significativa mesmo 
à jusante do hidrossistema da nascente, 
reforçando a conectividade do sistema 
fluvial das cabeceiras. Os canais de 2ª 
ordem denotam um aumento significativo 
da vazão média ao longo da rede de 
drenagem (0,11 L/s), também com máximos 
e 
mínimos em concordância com o balanço 
hídrico regional. Ressalta-se que dentre 
os canais de 2ª ordem estudados, dois 
são de 2ª magnitude de Shreve e dois 
outros são de 3ª magnitude, o que 
implica em uma nascente a mais 
alimentando 
esses últimos.
A literatura explica o aumento da vazão 
ao longo da hierarquia fluvial a partir 
do acúmulo de nascentes e da bacia de 
contribuição, gerando maior captação de 
água meteórica (CHRISTOFOLETTI, 1981; 
CHARLTON, 2007; STEVAUX; LATRUBESSE, 
2017). Nesse sentido, compreender a área 
de contribuição de cada ponto amostral 
é fundamental. Assim, realizou-se a 
análise de regressão para verificar as 
eventuais relações entre o tamanho das 
bacias de contribuição dos pontos 
amostrais e suas descargas líquidas 
(FIGURAS 2B, 2C, 2D, 2E, 2F).
Todas as regressões realizadas para área 
de contribuição (vazão média, mínima, 
máxima, recessão e ascensão) 
apresentaram coeficiente de correlação 
baixo, 
indicando uma relação fraca entre as 
variáveis. Foram positivas (α > 0) para 
vazão média, máxima, recessão e ascensão 
e negativa (α < 0) para recessão. 
Especificamente essa última, além da 
inclinação negativa da reta, o 
coeficiente 
de correlação foi praticamente nulo.
Enquanto o coeficiente angular da 
regressão para os dados de canais de 2ª 
ordem 
é o mais elevado (FIGURA 2G), com R² 
demonstrando relação significativa entre 
a 
área de contribuição e a vazão média 
anual (0,76), para as nascentes a linha 
de 
tendência é praticamente paralela ao 
eixo x e com coeficiente de correlação 
muito baixo (0,21). Como consequência, a 
regressão da área de contribuição pela 
vazão categorizada pelas áreas de estudo 
(FIGURA 2G) mostra uma maior tendência 
positiva para os dados a Mantiqueira, 
justamente pela ocorrência de canais de 
2ª 
ordem nesse sítio. Em contrapartida, 
para as cabeceiras do Paraíba do Sul, a 
regressão praticamente indica 
inexistência de correlação.
Para compreender melhor esses dados, 
faz-se o uso da vazão específica 
(L/s/Km²) (FIGURA 3). Os valores de 
vazão específica para todo o rol são 
maisuniformes do que os valores de vazão 
não ponderados pela área. Em média, cada 
Km² de superfície produz 3,49 L/s de 
água no sistema fluvial. A cabeceira da 
nascente 
M50 se destaca nesse sentido, com vazão 
específica de 35,02 L/s/Km² para seu 
canal de primeira ordem (M51). Porém, 
menor resultado foi encontrado para a 
nascente vizinha, M60, com 0,18 L/s/Km². 
Por si só, esse resultado já evidencia 
a importância de fatores locais na 
produção de escoamento fluvial.
Apesar da similaridade na ordem de 
grandeza das vazões médias do Paraíba do 
Sul 
e da Mantiqueira (0,03 e 0,05, 
respectivamente), a análise ponderada 
pela área 
de contribuição mostra uma produção de 
água 6,5 vezes maior nas cabeceiras da 
Mantiqueira (4,46 contra 0,69 L/s/Km² na 
área de estudo do Paraíba do Sul). 
Apenas 30% do rol registra vazão 
específica acima de 5,0 L/s/Km² e todos 
são 
pontos amostrais da Mantiqueira; por 
outro lado, todos os hidrossistemas do 
Paraíba do Sul estão dentro dos 41% com 
valores mais baixos (FIGURA 3A). 
Merece realce o fato de que no máximo 
hidrológico a desproporção entre as duas 
áreas de estudo amplia-se ainda mais. 
Porém, a diferença cai para apenas 15% 
no 
mínimo hidrológico, quando os dados são 
sensivelmente mais equilibrados em 
qualquer agrupamento que se possa fazer 
no rol. Esse dado precisa ser lido 
frente à elevada taxa de intermitência 
dos hidrossistemas amostrados na 
Mantiqueira (52%). Essa constância não 
foi observada com tamanha clareza nos 
dados de vazão absoluta, reforçando a 
premissa da relevância da área de 
contribuição também para o escoamento de 
base. 
O gráfico da distribuição dos valores de 
vazão específica pela hierarquia 
fluvial (FIGURA 3B) reforça esse 
resultado. Mesmo em escala logarítmica, 
os 
dados aparecem sensivelmente agrupados, 
sobretudo na área do Paraíba do Sul. 90% 
das amostras encontram-se no intervalo 
de 10 a 0,2 L/s/Km²), independentemente 
da hierarquia.
Por outro lado, há uma diferença 
sensível entre as médias anuais de vazão 
específica dos canais de 1ª ordem e das 
nascentes (4,81 e 2,30 L/s/Km², 
respectivamente). Essa variação é 
aproximadamente proporcional àquela 
encontrada 
para vazões absolutas (0,04 e 0,02 L/s). 
Porém, é notável a diferença entre 
essas proporções quando se observam os 
canais de 2ª ordem. A vazão específica 
média desses hidrossistemas é de apenas 
3,16 L/s/Km², 10% menor do que a média 
de todo o rol; porém, para vazões 
absolutas, os canais de 2ª ordem estão 
em 
média 230%  acima da média geral. Ou 
seja, há uma inversão importante na 
relação. Considerando que a ponderação 
pela área foi a responsável estatística 
por essa diferença, chega-se à conclusão 
de que o acréscimo de área de 
contribuição para os canais de 2ª ordem 
foi expressivamente maior do que o 
acréscimo de escoamento que eles 
proporcionaram.
Os dados sazonais desagregados mostram 
que no período de recessão e mínimo 
hidrológico, os canais de 2ª ordem tem 
uma queda muito mais acentuada em suas 
vazões (tanto absolutas quanto 
específicas) do que os hidrossistemas a 
montante. 
Isso se deve ao fato de a contribuição 
do escoamento de base para a vazão 
desses 
canais ser menor, uma vez que estão mais 
distantes das zonas de exfiltração 
(associadas ao gradiente 
potenciométrico), ou seja, das 
nascentes.

FIGURA 1: Mapa de localização das áreas de estudo. Fonte: elaborado pelos autores.

FIGURA 2: Mosaico de gráficos da análise estatística dos dados de vazão e área de contribuição. Fonte: dados primários.

FIGURA 3: Mosaico de informações estatísticas de vazão específica por localidade e hierarquia fluvial. Fonte: dados primários.
Considerações Finais
As reflexões deste trabalho reforçam a 
complexidade de mecanismos evolvidos na 
geração do escoamento fluvial. Pautando-
se em duas áreas de estudo com 
características geológico-
geomorfológicas e climáticas similares, 
foi possível 
evidenciar que fatores locais 
influenciam significativamente as vazões 
em 
cabeceiras. A grande variabilidade de 
vazão em hidrossistemas espacialmente 
muito 
próximos é devido ao controle local das 
linhas de fluxo subterrâneo até o 
afloramento nas nascentes. Outrossim, é 
possível reconhecer algumas tendências 
regionais, sobretudo no que tange à 
estabilidade sazonal do escoamento, 
consideravelmente distinta nas duas 
áreas de estudo.
Ficou evidenciado que há relação direta 
entre a hierarquia fluvial, tamanho da 
área de contribuição e as vazões médias 
anuais. Além disso, a vazão específica 
mostra uma regularidade muito maior do 
que a vazão absoluta. Sazonalmente, 
porém, 
os resultados são distintos. No mínimo 
hidrológico das cabeceiras perenes, 
quando 
a alimentação hídrica é feita 
exclusivamente pelo escoamento de base, 
o tamanho da 
área de contribuição é indiferente para 
a vazão. Nesses períodos, as maiores 
vazões médias das cabeceiras encontram-
se nas nascentes. Os fluxos a jusante 
frequentemente tornam-se desconexos, 
deixando segmentos de canais secos pelas 
perdas de água por evaporação, absorção 
vegetal ou infiltração.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas 
Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro 
ao 
projeto APQ-03652-16, aprovado junto ao 
Edital FAPEMIG 01/2016.
Referências
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