Autores
- ALEX DE CARVALHOIFMG - OURO PRETOEmail: alex.carvalho@ifmg.edu.br
 - BRUNA SANTOS RIBEIROIFMG - OURO PRETOEmail: brunaribeiro.02@hotmail.com
 - GUILHERME TEIXEIRA DE OLIVEIRAIFMG - OURO PRETOEmail: guilhermetoliveiraa@gmail.com
 - ANTONIO PEREIRA MAGALHÃES JUNIORUFMG - IGCEmail: antonio.magalhaes.ufmg@gmail.com
 - ALESSANDRA DE ABREU ANDRADEUFMG - IGCEmail: allessandrah_128@hotmail.com
 
Resumo
Este trabalho buscou caracterizar morfometricamente os vales fluviais e bacias 
hidrográficas de afluentes da margem esquerda do Alto Jequitinhonha, fornecendo 
subsídios para a análise da dinâmica fluvial e da configuração e evolução do 
relevo. Foram elaborados perfis longitudinais e calculados o Índice de 
sinuosidade (Is), Relação de relevo (Rr), Densidade de drenagem (Dd), Fator de 
Assimetria de Bacia de Drenagem (FABD) e Relação declividade-extensão (RDE). O 
Is, Dd e Rr indicam elevado potencial energético na área, destacando-se a 
incisão fluvial como um dos principais processos geomorfológicos regionais. O 
RDE e os knickpoints identificados devem estar relacionados ao controle 
litoestrutural e à dinâmica neotectônica. Os deslocamentos de canais verificados 
com o FABD variam em termos de sentido e sugerem um provável controle 
litoestrutural.
Palavras chaves
Geomorfologia fluvial; Rede de drenagem; Índices morfométricos; rio Jequitinhonha; Controle litoestrutural
Introdução
O avanço tecnológico e a disponibilização de bases cartográficas e imagens de 
satélite de melhor resolução espacial têm contribuído com o avanço do 
conhecimento sobre sistemas fluviais e o papel de condicionantes naturais e 
antrópicos. Desse modo, o geoprocessamento, o sensoriamento remoto e a 
cartografia digital, bem como as técnicas morfométricas, têm contribuído em 
estudos sobre as paisagens naturais. No caso da morfometria dos sistemas 
fluviais, elementos como a geometria de cursos d´água, a configuração de perfis 
longitudinais e formas de bacias hidrográficas, e as anomalias de drenagem, como 
cotovelos, podem indicar influências litoestruturais e tectônicas na dinâmica da 
rede de drenagem e na configuração e evolução do relevo (HOWARD, 1967; HOTT, 
FURTADO, 2004; GUERRA, MARÇAL, 2006; GROHMANN, RICCOMINI, ALVES, 2007; CHEREM, 
2008; HARTWIG, RICCOMINI, 2010; FELIPPE et al., 2012; SILVA, FURRIER, 2019; 
CHEREM et al., 2020; CARVALHO, MAGALHÃES JUNIOR, 2020;). Ademais, as ciências 
ambientais também fazem uso de índices morfométricos para a identificação de 
possíveis condicionantes bioclimáticos e antrópicos na dinâmica das paisagens 
(ACKLAS JUNIOR, ETCHEBEHERE, CASADO, 2003; FUJITA et al., 2011; MIOTO et al., 
2014).
Nos estudos geomorfológicos, as análises de morfometria fluvial estão, 
geralmente, associadas à busca de identificação de “anomalias” e de seus 
condicionantes. As anomalias são entendidas, neste contexto, como padrões 
morfológicos diferentes do habitualmente identificado em cada sistema fluvial, 
como segmentos retilíneos, meandros comprimidos, vales fluviais estreitos e com 
canais marcadamente encaixados, fundos de vale alargados e colmatados, cotovelos 
de drenagem, entre outros (SILVA et al., 2006).
A Serra do Espinhaço Meridional – SdEM é um dos mais estudados compartimentos do 
relevo do estado de Minas Gerais, tendo sido palco de diversas pesquisas sobre a 
organização do relevo e o papel dos processos fluviais na configuração do 
modelado. Estudos pedológicos e geomorfológicos têm mostrado registros de 
atividade neotectônica regional e ajustes nos sistemas fluviais, como alterações 
na cobertura pedológica, encaixamento da rede de drenagem e presença de terraços 
fluviais escalonados (CARVALHO et al., 2018; CARVALHO, 2019; CARVALHO, MAGALHÃES 
JUNIOR, 2021a; 2022; MAGALHÃES et al., 2022). Alguns desses estudos utilizaram 
técnicas morfométricas, mas com foco em sistemas fluviais da bacia do rio São 
Francisco (AUGUSTIN, FONSECA, ROCHA, 2011; FONSECA, AUGUSTIN, 2014; MILAGRES, 
AUGUSTIN, FONSECA, 2016; LOPES et al., 2016; CARVALHO, MAGALHÃES JUNIOR, 2021b). 
Desta forma, os sistemas da bacia do rio Jequitinhonha ainda não foram 
adequadamente estudados e caracterizados em termos morfométricos, mas há 
indícios de registros semelhantes que indiquem a mesma dinâmica neotectônica da 
porção da bacia do São Francisco.
Visando contribuir para os avanços de conhecimentos neste contexto, o trabalho 
objetiva caracterizar morfometricamente os vales fluviais e bacias hidrográficas 
de afluentes da margem esquerda do Alto Jequitinhonha, fornecendo subsídios para 
a análise da dinâmica dos sistemas hidrográficos e dos condicionantes da 
configuração e evolução do modelado regional. Desse modo, foram selecionados os 
seguintes cursos d’água: rios Jequitinhonha e Pinheiro, ribeirões Acaba Saco, 
das Lajes, dos Borbas, Inferno, São Bartolomeu e córregos Lambari, Samambaia e 
Santa Maria.
Material e métodos
A área de estudo compreende parte do alto curso do rio Jequitinhonha e as bacias 
hidrográficas de afluentes da sua margem esquerda. A área se localiza nas 
superfícies elevadas da porção oeste da SdEM, cuja altitude reflete a maior 
resistência de quartzitos e metaconglomerados aos processos de desnudação. A 
SdEM possui altitude média de 1.250m e as áreas deprimidas intramontanas têm 
cotas médias entre 950 e 1.000m. (ALMEIDA-ABREU; RENGER, 2002; SALGADO; VALADÃO, 
2003; CHAVES; COELHO, 2013; MAGALHÃES JÚNIOR; BARROS; FELLIPE, 2015).
A região possui falhas inversas e de empurrão e dobras com orientação N-S, 
associadas a um encurtamento geral com sentido E-W. As anticlinais escavadas e 
as sinclinais suspensas refletem o papel da erosão diferencial (KNAUER, 2007; 
ALKMIN et al. 2007). A área é marcada por um complexo quadro litoestrutural, 
composto por rochas arqueanas e paleoproterozoicas do embasamento e 
supracrustais dos supergrupos Espinhaço e São Francisco, além de intrusões 
máficas pós-Espinhaço (ALKMIN et al., 2007; CORDEIRO et al., 2008).
As bases cartográficas da bacia do rio Jequitinhonha que foram utilizadas 
forneceram as seguintes informações: topográficas (curvas de nível de 12,5 m), 
extraídas de imagens Alos Palsar, hidrográficas (IDE SISEMA - 1:100.000) e 
geológicas (CODEMIG - 1:100.000). Realizou-se o mapeamento dos canais principais 
(rios Jequitinhonha e Pinheiro, ribeirões Acaba Saco, das Lajes, dos Borbas, 
Inferno, São Bartolomeu e córregos Lambari, Samambaia e Santa Maria), utilizando 
imagens do Google Earth.
Foram utilizados os seguintes índices morfométricos: Índice de sinuosidade (Is), 
Relação declividade-extensão (RDE), Relação de relevo (Rr), Densidade de 
drenagem (Dd) e Fator de Assimetria de Bacia de Drenagem, além dos perfis 
longitudinais. O perfil longitudinal é o gradiente de sua linha de superfície da 
água desde a nascente até a foz (HUGGETT, 2002). A forma côncava ou convexa e as 
rupturas de declive (knickpoints) podem refletir as condições do leito, como as 
influências litoestruturais e/ou tectônicas (SILVA et al., 2006; ZANCOPE et al., 
2009).
O Is (HORTON, 1945) reflete o grau de divagação de um canal e condições de 
energia. Utiliza-se a equação Is=L/dv. Onde L é o comprimento total do canal e 
dv corresponde à distância vetorial entre os pontos extremos do canal.
O índice RDE (HACK, 1973) permite analisar perfis longitudinais ou segmentos e 
identificar anomalias (FUJITA, 2009). São utilizadas as equações RDEtotal=∆H/lnL 
e RDEtrecho=(∆H/∆l)L, onde ∆H é igual à diferença altimétrica entre os extremos 
do canal ou do trecho analisado, lnL é o logaritmo natural, L é a extensão total 
do canal e ∆l é a extensão do trecho analisado. A relação RDEtrecho/RDEtotal 
permite identificar anomalias no perfil longitudinal. Trechos sem anomalia 
possuem valores inferiores a 2, com anomalia de 2ª ordem têm valores entre 2 e 
10 e com anomalia de 1ª ordem possuem valores acima de 10 (QUEIROZ, SALAMUNI, 
NASCIMENTO, 2015).
A Rr (SCHUMM, 1956) serve como um indicativo das condições de energia nos canais 
de uma bacia (CHRISTOFOLETTI, 1980). Utiliza-se a equação Rr=∆a/L. Assim, ∆a é a 
amplitude altimétrica e L é o comprimento do canal principal.
A Dd (HORTON, 1945) é utilizada para compreender o comportamento hidrológico dos 
substratos (CHRISTOFOLETTI, 1980) ou como um indicador de atuação de processos 
erosivos e produção de sedimentos (SANTOS et al., 2005). Ela é calculada pela 
equação Dd= Lt/A. Onde Lt é o comprimento total dos canais e A é a área total da 
bacia.
O FABD (HARE, GARDNER, 1985) permite identificar deslocamentos laterais do curso 
d’água principal. Ele é calculado pela equação FABD=100(Ra⁄Ta), onde Ra é a área 
da bacia localizada na margem direita do canal e Ta representa a área total da 
bacia. Valores próximos a 50 indicam que não houve deslocamento ou deslocamentos 
insignificantes, já valores próximos de zero ou de 100 indicam o contrário.
Resultado e discussão
Verificou-se que todos os canais investigados apresentam valores de Is que podem 
ser associados a canais retilíneos ou intermediários. Os valores variaram da 
seguinte forma: c. Samambaia, 1,03 a 1,62; c. Lambari, 1,01 a 1,38; rib. Acaba 
Saco, 1,0 a 1,55; rib. das Lajes, 1,03 a 1,67; rib. São Bartolomeu, 1,03 a 1,83; 
rio Pinheiro, 1,0 a 1,93; c. dos Borbas, 1,01 a 1,64; c. Santa Maria, 1,0 a 
1,92; r. Inferno, 1,0 a 1,87; e rio Jequitinhonha, 1,0 a 1,49. Os valores mais 
baixos são um indicativo de existência de cursos d’água com maior potencial 
energético. Neles, a incisão fluvial é um processo geomorfológico importante, 
provavelmente condicionada pelo rebaixamento do nível de base regional 
representado pelo rio Jequitinhonha. O Is também pode ser relacionado à carga 
sedimentar, à litologia e à declividade dos canais (LANA, 2004). Nos casos 
investigados, o Is apresenta indícios de maior relação com a declividade dos 
canais e, portanto, com a estabilização de níveis de base locais/regional.
No caso do RDEs/RDEt, a interpretação dos resultados tem sido tradicionalmente 
associada a controle litoestrutural e tectônico (ETCHEBEHERE et al.; 2004; 
FUJITA, 2009; CAMOLEZI, FORTES, MANIERI, 2012). Todos os canais investigados 
possuem anomalias de 1ª e 2ª ordens. Nos 100 km do rio Jequitinhonha 
investigados (da nascente até a foz com o rio Pinheiro) é possível distinguir 
dois compartimentos: nos primeiros 60 km, a partir da nascente, ocorrem 
anomalias de 1ª e 2ª ordem, enquanto nos 40 km a jusante não há trechos 
“anômalos”. Entre os km 26 e 36 e entre os km 80 e 100, foram identificados 
segmentos sem anomalias associados a zonas de acumulação de sedimentos. No rio 
Pinheiro, a maior parte das anomalias está associada a mudanças litológicas. A 
FM São João da Chapada (quartzitos médios) e a FM Galho do Miguel (quartzitos 
puros) se destacam suportando elevadas altitudes e valores de RDEs/RDEt mais 
elevados. Os quartzitos da FM Galho do Miguel também ocorrem na bacia do rib. 
das Lajes, onde podem ser associados a anomalias de 1ª e 2ª ordens no alto 
curso.
No rib. Inferno, a litologia pode ser associada a anomalias verificadas no alto 
curso, enquanto no baixo curso elas devem ser resposta do canal ao rebaixamento 
do nível de base no r. Jequitinhonha. No rib. São Bartolomeu e nos córregos 
Lambari e Santa Maria e no rib. dos Borbas, os canais atravessam apenas as 
rochas da FM Sopa-Brumadinho (filitos, quartzitos, entre outras) e possuem 
anomalias de 1ª e 2ª ordens. Nesses cursos d´água, as anomalias também devem 
resultar da incisão fluvial induzida pelo rebaixamento do nível de base (rio 
Jequitinhonha) ou das variações litológicas que não são diferenciadas na carta 
geológica. No rib. Acaba Saco as anomalias ocorrem ao longo de todo o canal e, 
assim como no c. Lambari, elas devem estar associadas a pulsos de erosão 
remontante devido à incisão fluvial no rio Jequitinhonha. No c. Samambaia, as 
anomalias podem ter relação com a variação das rochas identificadas (FM Sopa 
Brumadinho e Suíte Pedro Lessa – metabasitos).
Com relação aos knickpoints verificados, é possível distinguir dois grupos de 
cursos d´água. Em um, os knickpoints têm relação com a variação litológica, 
bastante complexa em termos de tipos, idades e graus de resistência à desnudação 
(Fig. 1 e 2). O outro grupo é composto por segmentos nos quais ocorrem anomalias 
de 1ª e 2ª ordens, apesar da ocorrência de uma única litologia. Esse é o caso 
dos córregos Santa Maria (Fig. 3) e Lambari e dos rib. dos Borba e São 
Bartolomeu que atravessam apenas rochas da FM Sopa-Brumadinho (filitos, 
quartzitos, entre outras). No córrego Samambaia (Fig. 3) e no ribeirão Acaba 
Saco, o curso d’água as litologias da Suíte Pedro Lessa (metabasitos) e FM Sopa-
Brumadinho (filitos, quartzitos, entre outras) se alternam, não sendo possível 
associar os knickpoints às variações dessas duas formações. Nesses casos, as 
anomalias devem ser reflexo de pulsos de erosão remontante provenientes da 
incisão fluvial do rio Jequitinhonha. A dinâmica neotectônica pode ser 
responsável por inputs de energia que geram knickpoints em substratos homogêneos 
litologicamente. A atividade neotectônica regional tem sido apontada em diversos 
trabalhos geomorfológicos, com pulsos diferenciais de blocos fazendo parte da 
dinâmica soerguimento epirogenética do Escudo Brasileiro (SAADI; VALADÃO, 1987; 
SAADI, 1995; BUENO, TRINDADE, MAGALHÃES JUNIOR, 1997; CARVALHO et al., 2018; 
CARVALHO, 2019; CARVALHO, MAGALHÃES JUNIOR, 2021a; 2021b; 2022;).
O cálculo da Rr revelou os seguintes valores que variaram entre 14,6 (rio 
Jequitinhonha) e 60,3 (c. Samambaia – Fig. 2). A Rr permite a comparação entre 
bacias hidrográficas quanto à energia disponível para a ocorrência de processos 
geomorfológicos. A Rr pode ser utilizada como um indicativo da capacidade 
energética de bacias. As bacias potencialmente com mais energia são as dos 
córregos Samambaia (60,3), Lambari (46,1) e Santa Maria (40,5) e do rib. dos 
Borbas (37,2). Esses cursos d’água têm em comum o fato de atravessarem apenas as 
rochas da FM Sopa-Brumadinho (c. Lambari, Santa Maria e dos Borbas) ou as rochas 
da FM Sopa-Brumadinho e Suíte Pedro Lessa (c. Samambaia). Destaca-se que nos 
altos cursos dos c. Santa Maria e rib. dos Borbas ocorrerem rochas da FM São 
João da Chapada, composta por quartzitos médios, que sustentam maiores altitudes 
na região, justificando a maior amplitude altimétrica e Rr nas referidas bacias.
As bacias investigadas apresentaram valores de Dd que variaram entre 1,1km/km² 
(rib. dos Borbas) e 1,8km/km² (c. Samambaia e Lambari) (Fig. 3). Como a Dd está 
associada à energia e às características dos substratos, áreas com rochas 
permeáveis tendem a apresentar valores mais baixos. Além disso, infere-se que em 
bacias com input de energia importante a incisão fluvial seja intensificada e, 
consequentemente, ocorra o aumento do número de canais e de sua extensão, 
aumentando a Dd. Em áreas mais estabilizadas, espera-se o contrário, com menor 
Dd. Os valores mais elevados foram identificados em bacias de afluentes do 
Jequitinhonha localizados em áreas nas quais predominam rochas metabásicas – 
Suíte Pedro Lessa (rib. Acaba Saco e c. Lambari e Samambaia, 1,8km/km² em cada). 
Assim, a Dd pode estar sendo condicionada tanto pelos diferentes graus de 
resistência litológica quanto pela resposta dos canais ao rebaixamento do nível 
de base na alta bacia do Jequitinhonha. Os córregos Samambaia e Lambari 
apresentam valores de Dd e Rr que os colocam como de maior potencial de energia 
entre os cursos d’água investigados, sendo estes os afluentes do rio 
Jequitinhonha mais a montante. Embora Santos et al. (2005) tenham relacionado a 
Dd à produção de sedimentos, as bacias hidrográficas investigadas e com menores 
valores de Dd são justamente as que apresentam maiores depósitos sedimentares em 
forma de barras arenosas associadas aos canais (rio Pinheiro – 1,2 – e rib. 
Inferno – 1,3).
O FABD revelou o predomínio de leves deslocamentos dos canais, seja para W (c. 
Samambaia - 62,0), para NW (rib. Acaba Saco - 72,5; rio Pinheiro - 59,0), para E 
(c. Lambari - 35,9 e rio Jequitinhonha - 40,3), para SE (rib. das Lajes – 43,4) 
e para S (rib. São Bartolomeu - 40,4 e Inferno - 31,0). O c. Santa Maria não 
apresenta deslocamento (50,3 – Fig. 3). Não há evidências de um controle 
tectônico que estaria condicionando esses deslocamentos, os quais ocorrem em 
diferentes direções. Carvalho e Magalhães Junior (2020) identificaram 
deslocamentos generalizados de canais para E na bacia do rio Paraúna, ao sul da 
área investigada, na SdEM, associando-os ao mergulho das camadas e dobramentos 
das rochas. Desse modo, nas bacias investigadas, os deslocamentos em sentidos 
diferentes, em cada caso, parecem estar associados mais ao condicionamento 
litoestrutural do que a basculamentos, conforme alerta Rubin (1999).

Quadro geológico regional e mapa hipsométrico.

Perfis longitudinais com anomalias condicionadas pela litologia e tabela com valores de Rr.

Perfis longitudinais com anomalias possivelmente sem relação direta com a litologia e tabelas com valores de Dd e FABD.
Considerações Finais
As bacias hidrográficas e cursos d´água investigados apresentam indícios de 
controle litoestrutural e knickpoints que podem ser reflexos das respostas do 
nível de base regional à dinâmica neotectônica. Os parâmetros morfométricos são 
auxiliares nas investigações geomorfológicas e não podem, isoladamente, suscitar 
afirmações sobre a dinâmica da rede de drenagem e do relevo. O Is, a Dd e a Rr 
indicam que praticamente todas as bacias investigadas apresentam elevados 
potencial energético e que, atualmente, a incisão fluvial se destaca como um dos 
principais processos geomorfológicos regionais. Embora o quadro litológico 
regional não seja marcado, em sua maioria (quartzitos) por fragilidade mecânica à 
incisão fluvial, a dinâmica de encaixamento tem ocorrido de forma importante. Por 
fim, o cálculo do FABD revela que não há deslocamentos significativos nos cursos d
´água investigados. Os deslocamentos verificados devem ter maior relação com 
aspectos litoestruturais do que com a dinâmica neotectônica (basculamentos), haja 
vista a diversidade de sentido dos deslocamentos observados nas superfícies 
elevadas da Serra do Espinhaço Meridional. Este quadro difere do encontrado em 
vales da bacia do rio São Francisco na SdEM.
Agradecimentos
À FAPEMIG pelo apoio financeiro (Projeto APQ 00511-21); ao CNPq pela bolsa de 
produtividade; ao IFMG e CAPES pelas bolsas PIBIC e de mestrado; aos grupos de 
pesquisa RIVUS e Geoquímica e Paisagem.
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