Autores
- VITOR AUGUSTO LEAL SILVAUFPAEmail: augustoleal.ufpa@gmail.com
 - LUZIANE MESQUITA DA LUZUFPAEmail: luzianeluz36@gmail.com
 
Resumo
A erosão de margem fluvial é um fenômeno recorrente nos rios da Amazônia 
brasileira. Trata-se de um processo natural responsável por mudanças na 
paisagem, além de trazer sérios problemas para os moradores. Dessa forma, a 
região insular do município de Belém do Pará é composta por 39 ilhas, dentre 
elas a ilha do Cumbu, que se encontra no estuário, sofrendo grandes influências 
de marés. Somasse a isso a circulação fluvial dos barcos, além das mudanças 
antrópicas na região. Desta forma, como base em levantamentos bibliográfico e 
pesquisas de campo, conduziu-se um trabalho sobre a erosão de margem fluvial na 
ilha do Cumbu, tento como área de estudo a comunidade Filha do Cumbu. Dessa 
forma, este trabalho é um esforço de compreensão sobre o presente tema, na qual 
serviu para esclarecer que este processo é de tal importante para as diversas 
ilhas da região amazônica, uma vez que a dinâmica fluvial é um reflexo de 
diversas comunidades.
Palavras chaves
Erosão de margem Fluvial; Erosão acelerada; Geomorfologia; Região insular de Belém; Terras caídas
Introdução
A ilha do Combu é uma Área de Proteção Ambiental (APA) localizada ao sul do 
município de Belém, no Estado do Pará. A ilha é a maior do município e, desde 
1997, é gerenciada pela SEMA (Secretaria de Estado de Meio Ambiente) por meio do 
decreto-lei n. º6.083 de 13/11/1997. Desde modo, a APA foi criada visando 
promover a sustentabilidade da região, de seus recursos ambientais, além de 
garantir a qualidade de vida das diversas comunidades locais. A sua população é 
considerada “tradicional – ribeirinha” que vive do extrativismo de produtos e de 
peixes da região. Ao longo das últimas décadas, ocorreu acentuamento do turismo 
na região, devido à difusão da ilha para a população. Assim, algumas comunidades 
passaram a contar com o turismo como principal fonte de renda (CINBESA, 2023). 
Nesse sentindo, comunidade “Filha do Cumbu”, criada por Izete Santos Costa, 
conhecida como dona Nena, é uma comunidade tradicional que vive das práticas 
artesanais de fabricação de chocolate e outros produtos derivados do cacau. 
Atualmente conta com um espaço de produção diversificado, além do plantio e 
colheita do cacau “forasteiro” (espécie de cacau presente na ilha), além de uma 
loja com diversos outros produtos como camisetas, bonés, bebidas e diversos 
outros produtos. Contudo, esta comunidade (assim como outras) vem sofrendo com a 
erosão que ocorre nas margens dos rios, além dos problemas socioambientais que 
ocorrem na ilha.
Dessa forma, a geomorfologia estuda as diversas formas de relevo, dando 
importância a sua natureza, origem, desenvolvimento de diversos processos e a 
composição dos materiais envolvidos (GUERRA, 2006). Assim, processo de erosão 
que ocorre na superfície terrestre tende a se acelerar pelo processo 
antropogênico na ilha, sobretudo com a circulação fluvial que acentua o processo 
de erosão das margens fluviais que ocorrem na região insular de Belém e na 
região amazônica.
Dessa maneira, o objetivo deste trabalho é compreender a erosão, a sua 
influência e ocorrência como risco eminente para as comunidades que residem as 
margens do Cumbu. Desta maneira, entender este fenômeno, assim como as suas 
manifestações dentro da geografia, faz dela um leque de informações que podem 
auxiliar na compreensão deste processo tão presente na região amazônica.
Material e métodos
Os procedimentos metodológicos adotados neste trabalho foram divididos em três 
partes. Assim, em primeiro lugar, consistiu em uma revisão bibliografia no 
intuito de obter o máximo de informações do local e da temática da pesquisa. 
Para isso, utilizou-se do acervo de livros da Biblioteca Central da Universidade 
Federal do Pará (UFPA), da Biblioteca Setorial do Instituto de Filosofia e 
Ciências Humanas (IFCH/UFPA), além de artigos disponíveis em websites. Com isso, 
conduziu-se um estudo sobre os temas: erosão margem fluvial, além do fenômeno de 
“terras caídas”.
Na segunda etapa, foi feita uma pesquisa de laboratório feita no Laboratório de 
Geografia Física (LAGEOF) localizado nas dependências do IFCH, na UFPA, para a 
realização do levantamento cartográfico da região de estudo, consistindo na 
aquisição de base de dados vetoriais no formato shapefile (shp), disponíveis nos 
sites do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da CPRM 
(Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais), além de bases unidade e domínio 
geomorfológico, vegetação e solos disponíveis no Banco de Dados de Informações 
Ambientais (BDIA). Os produtos cartográficos resultantes desse levantamento 
foram produzidos em ambiente computacional por meio dos softwares “ArcGis 10.5” 
e “Qgis 3.28.1”. 
E por fim, foi feita uma pesquisa de campo que foi fundamental para o 
reconhecimento da área de estudo. Dessa forma, foi feita a visita dia 15 de 
abril de 2023, a onde foi feito roteiro de apresentações denominado “Vida 
Caboca” no qual se apresentou o local, seguido de uma trilha pela propriedade na 
latitude 01° 29’29.572’’S e longitude 048° 27’39.910’’W. Assim, por meio de 
visita in loco, foram feitos anotações, registros fotográficos, entrevista com 
proprietários e guia turístico, além da coleta de pontos por GPS através do 
aplicativo de celular “AndroiTs GPS Test”.
Resultado e discussão
3.1. Contexto do Processo Erosivo 
A erosão é um processo natural na qual engloba o transporte de sedimentos 
(partículas, solos, rochas ou materiais dissolvidos), seus agentes são diversos: 
o sol, vento e, principalmente, a chuva. Para Guerra (1991) este processo é 
causado pela água das chuvas, na qual abrange toda a superfície terrestre e, em 
especial, nas áreas com clima tropical, a onde os indicies pluviométricos são 
bem elevados do que as demais regiões do planeta.
 No caso da ilha do Cumbu, uma das principais formas de erosão é por meio 
fluvial. Assim, destaca-se a erosão de margem fluvial (termo comumente utilizado 
na região norte para descrever tal fenômeno), também cunhada como “terras 
caídas” por diversos autores que estudam esse processo, em especial, na região 
amazônica. Trata-se, sem dúvida, do principal agente transformador da paisagem 
ribeirinha da região da Amazônia. Esse, sendo responsável por uma série de 
adversidades as localidades e moradores que residem as margens dos rios. 
Segundo Christofoletti (1981) “O processo de erosão fluvial ocorre com a remoção 
de material do fundo e das margens do canal através de processos de abrasão, 
corrosão e cavitação [...]” (apud, SILVA E ANDRADE, 2019, p.3). Deste modo, a 
erosão fluvial sucede por meio da força dos rios, podendo ser de dois tipos: o 
primeiro ocorre de maneira vertical (no leito), o segundo de maneira lateral 
(nas margens). Além disso, a capacidade erosiva deste processo depende 
diretamente de fatores como naturais como, a saber: velocidade, declividade do 
local, assim como o a cobertura vegetal, além de fatores antrópicos (SILVA E 
ANDRADE, 2019).
Este fenômeno se agrava em decorrência das chuvas fortes durante o processo 
sazonal, na qual ocorre as cheias ao longo de determinado período do ano. Em 
Belém, segundo a Gerência de Monitoramento do Tempo, Clima e Eventos Extremos 
Hidrometeorológicos (GETEM), os períodos de janeiro a julho são marcados por 
altos indicies pluviométricos, sendo o mês de março o mais intenso, com 
previsões medias de 500mm (SEMAS, 2023).
3.2. Erosão e Sedimentação na Ilha
Antes de mais nada, ressalta-se que o processo de erosão de margem fluvial que 
ocorre na ilha é um fenômeno natural, porém a presença antrópica cada vez mais 
frequente na ilha acaba por acelerar esse processo. Dessa forma, por meio da 
antropização do local acaba dando lugar para uma erosão acelerada, com o 
processo de sedimentação mais veloz nas margens.
Acrescenta-se a isso o desmatamento da vegetação nativa, além da retirada de 
vegetação marginal da “Aniga” (Montrichardia arborescens), que tem presença 
forte na região da ilha. A aniga é uma vegetação pioneira de Várzea, é a 
primeira vegetação que coloniza na planície aluvial. A sua função principal é de 
criar uma barreira hidrodinâmica, na qual absorve parte da energia cinética 
provocada pela água.
Todavia, com o processo de ocupação das margens que dão lugar a empreendimentos, 
bares e restaurantes, a onde ocorre a retirada dessa vegetação pioneira de 
várzea, como resultado: a margem fica desprotegida e suscetível ao processo 
erosivo. Além disso, as embarcações que trafegam no local por meio da circulação 
fluvial exercem papel fundamental de potencialização e intensificação do 
processo erosivo de margem fluvial. Dessa forma, por meio do intenso fluxo de 
embarcações na região, que geram ondas, essas quais provocam impacto e a 
desagregação de partículas, assim como a perda dos sedimentos, resultando no 
recuo dessas margens. O desencadeamento desse processo é visível na figura 1, a 
onde é possível notar a tentativa de contorna essa situação. Dessa forma, alguns 
moradores acabam recorrendo à implementação de estruturas rudimentares de 
madeira na tentativa de proteger as suas casas do avanço da erosão.
Figura 1. Foto realizada durante a visita de campo as margens do igarapé 
mostrando a tentativa dos moradores de frear a erosão no local.
3.3. Contexto da Geomorfologia e Fitogeografia
No que tange a geomorfologia da área, Belém apresenta as várzeas (planícies de 
inundações), que tem como principal característica a inundação durante as suas 
cheias. Desta forma, a ilha do Cumbu se encontra na foz do rio Guamá, localizado 
no estuário Amazônico, a onde recebe influência das marés e os aspectos da 
evolução aluvionar.
 Neste sentindo, a caracterização desta área se dá pelo solo de várzea, 
abrangendo os dois tipos na região: a baixa e alta. Assim, a várzea alta cujo 
solo é pouco influenciado pelas águas das cheias. Já a várzea baixa, na qual 
ocorre a predominância de espécies que apresentam as raízes aéreas (raízes 
visíveis, por ficarem sempre acima do solo). Assim, por meio desses atributos, 
ocasiona em constantes inundações durante os períodos mais chuvosos.
Ademais, o solo da ilha é do tipo gleissolo (representado na figura 2). O 
gleissolo é um tipo de solo hidromórfico, com elevada porcentagem de argila e 
siltes (partículas finas que são carregadas por água corrente e depositada como 
sedimento), na qual se encontram saturada pela água. Na várzea alta, ocorre o 
acúmulo de sedimentos, com forte gleização (processo de coloração acinzentada do 
solo) resultante da redução da solubilização do ferro (HAMP, 1991 et. al DO 
NASCIMENTO, 2010).
Figura 2. Mapa de Unidades de solo. Elaboração: autores (2023).
Segundo a classificação do Banco de Dados de Informações Ambientais (BDIA) o 
tipo de solo presente na área de estudo o Gleissolo Háplico Eutrófico, com 
subordem nível 2 e grande grupo tipo nível 3. Dessa forma, é descrito como com 
baixa presenta de argila e saturação maior que 50%.
3.4. Visita à Ilha.
A visita de campo ocorreu no dia 15 de abril de 2023. O local selecionado foi a 
Comunidade Filha do Cumbu, situada na latitude 01° 29’29.572’’S e longitude 048° 
27’39.910’’W. Assim, o lugar escolhido se deve pelo relatório da CPRM (Companhia 
de Pesquisas de Recursos Minerais) juntamente com a Comissão de Defesa Civil de 
Belém, na qual levantou no ano de 2021 diversas áreas de risco geológico na 
região metropolitana de Belém, ilhas da região insular e dentre outras 
localidades. 
No que tange a comunidade, o relatório não apontou nenhum local, isso se deve 
pela forma de realização do mapeamento, na qual priorizou somente as áreas de 
alto grau de erosão e com algum risco a moradores da área. Assim, segundo o 
relatório:
“(...) para a realização do mapeamento, devem constar no relatório somente áreas 
de risco caracterizadas como sendo de alto ou muito alto grau, onde uma pessoa, 
família ou comunidade com alta vulnerabilidade (grau de perda de um elemento ou 
grupo), está exposta a uma condição com alto potencial de causar danos ou 
consequências desagradáveis para uma população (SETORIZAÇÃO DE ÁREAS DE RISCO 
GEOLÓGICO, CRPM, p. 30).”
Todavia, em visita ao local, constatou-se que há diversos outros pontos sujeitos 
ao processo erosivo (figura 3). No mapa, foram destacados 5 pontos coletados 
onde o processo de erosão é mais visível.
Figura 3. Mapa de localização com pontos coletados durante a visita de campo. 
Elaboração: autores (2023).
Os pontos foram coletados nas margens da comunidade Filha do Cumbu, no igarapé 
Furo do Cumbu. Os locais de coleta foram escolhidos pela forte presença da 
erosão da margem. No mapa acima, é possível notar que os pontos se encontram nas 
margens, com traços de desbarrancamento do solo, ambos sem a presença da aniga 
como vegetação responsável por protelar a margem contra a ação da energia 
cinética que o rio proporciona. Foi possível comprovar que diversos outros 
pontos na área sofrem com o processo das terras caídas, como consequência, o 
recuo da margem resultando em grandes consequências para os ribeirinhos e 
moradores locais.

Foto realizada durante a visita de campo as margens do igarapé mostrando a tentativa dos moradores de frear a erosão no local.

Mapa de Unidades de solo. Elaboração: autores (2023).

Mapa de localização com pontos coletados durante a visita de campo. Elaboração: autores (2023).
Considerações Finais
Este trabalho evidenciou a erosão da margem fluvial, assim como a sua a aceleração 
por diversos fatores. Analisou-se que diversas comunidades e moradores sofrem, de 
maneira eminente, com os processos derivados da erosão na ilha. Destaca-se que a 
área de estudo é propicia para o tipo de erosão, isso deriva da sua geomorfologia 
e da sua dinâmica, sobretudo com os rios e seus moradores. As ações antrópicas na 
região são fatores preponderantes nas quais deve-se considerar em projetos futuros 
de contenção e desaceleração da erosão de margens.
Dessa maneira, segundo as pesquisas de campo, assim como os levantamentos feitos, 
que serviram para esclarecer que este processo é de tal importante para as 
diversas ilhas da região amazônica, uma vez que a dinâmica fluvial está 
diretamente ligada a diversas comunidades.
Diante do exposto fica evidente a complexidade da erosão de margens nos igarapés 
na ilha do Cumbu, assim como as diversas implicações desse fenômeno natural para a 
população, sobretudo, aos moradores locais. No que tange a adoção de mecanismos 
para controle e prevenção da erosão na região, é necessário um entendimento mais 
aprofundado deste processo na região. A Geomorfologia por meio do Geoprocessamento 
pode envolvendo uma série de técnicas fundamentais para o desencadeamento de 
estudos socioambientais para a Área de Proteção Ambiental, além da necessidade de 
maiores investimentos em pesquisa sobre o assunto.
Agradecimentos
Um agradecimento especial a Prof.ª. Dra. Luziane Mesquita da Luz pela oportunidade 
е apoio durante o processo de construção desse trabalho. Ao Grupo de Pesquisa de 
Geomorfologia Ambiental da Amazônia – GPGA
Referências
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